A quantidade de casos de Chikungunya na maior cidade do interior cearense explodiu neste início de ano. Nos quatro primeiros meses de 2022, em Juazeiro do Norte, registrou crescimento da doença em 126 vezes se comparado com a soma de todos os casos confirmados em igual período dos anos de 2019, 2020 e 2021.
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Conforme dados da Secretaria da Saúde do Município, entre janeiro e abril deste ano, foram 2.527 casos da doença, enquanto em igual período dos anos anteriores foram contabilizados somente 21 casos.
Na avaliação de Mascleide Feitosa, coordenadora do Núcleo de Endemias de Juazeiro do Norte, o aumento está diretamente relacionado ao período da pandemia.
“Por conta da pandemia, existiu uma Nota Técnica do Ministério da Saúde que proibia a entrada dos agentes de combate às endemias (ACE) nas residências, e isso dificultou a eliminação e/ou tratamento dos possíveis criadouros do Aedes”, detalhou Mascleide.
• Janeiro a abril de 2022: 2.527 casos confirmados
• Janeiro a abril de 2021: 7 casos confirmados
• Janeiro a abril de 2020: 4 casos confirmados
• Janeiro a abril de 2019: 10 casos confirmados
Além do aumento nos casos, Juazeiro do Norte voltou a registrar óbitos pela doença. Entre 2019 a 2021, nenhuma morte foi computada, no entanto, neste ano de 2022, já são dois casos, ambos ocorridos em março.
Na tentativa de reverter este cenário preocupante, a Secretaria da Saúde de Juazeiro do Norte iniciou uma série de ações emergenciais, como o retorno às visitas domiciliares “com inspeção, identificação e eliminação e/ou tratamento de focos e possíveis criadouros” e o bloqueio químico nos quarteirões com casos positivos de Arboviroses e quarteirões adjacentes.
Segundo a Fiocruz, não é possível ter Chikungunya mais de uma vez, uma vez que o paciente adquire imunidade para a doença. Cerca de 30% dos casos não apresentam sintomas, como estima a Fundação.
Serão criados ainda um Comitê Intersetorial de Combate ao Aedes aegypti e implantado a brigada de Combate ao Aedes aegypti em Empresas e Instituições. O objetivo é fazer cobertura integral de todos os imóveis do Município que conta com mais de 275 mil habitantes.
Além disso, os bairros do Município foram mapeados e, nesta análise, identificados 86 pontos considerados críticos e mais suscetíveis a criação do mosquito, como borracharias, pontos de recicláveis e sucatas. “Nestes locais haverá visita quinzenal”, completou Mascleide.
Barbalha também apresenta alto crescimento
A explosão da doença é não exclusividade de Juazeiro do Norte. A cidade de Barbalha que, ao lado de Crato e Juazeiro, forma o triângulo ‘Crajubar’, pilar socioeconômico do Cariri cearense, também apresenta vertiginoso crescimento no número casos da Chikungunya.
Em Barbalha, os casos saltaram mais de 16 vezes neste ano em comparação com os primeiros quatro meses de 2021. No quadrimestre passado foram confirmados pela Secretaria da Saúde do Município 64 casos e, neste início de ano, já são 1.065 casos.
• Janeiro a abril de 2022: 1.065 casos confirmados
• Janeiro a abril de 2021: 64 casos confirmados
• Janeiro a abril de 2020: 9 casos confirmados
• Janeiro a abril de 2019: 2 casos confirmados
A reportagem também demandou a Secretaria da Saúde do Crato para saber qual o cenário do Município, no entanto, não houve envio dos dados até o fechamento desta matéria. Conforme a assessoria de comunicação, “o sistema que monitora os dados está fora do ar”.
Sintomas mais comuns
A Chikungunya se manifesta com febre alta de início rápido, dores intensas nas articulações dos pés e mãos, além de dedos, tornozelos e pulsos como os principais sintomas, conforme a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Também são comuns queixas sobre dores de cabeça, nos músculos e manchas vermelhas na pele. Os sintomas aparecem entre dois e 12 dias depois da picada dos mosquitos Aedes aegypti ou Aedes albopictus.
Como prevenir?
Já que ainda não há vacinas que garantam a imunização contra a Chikungunya, especialistas alertam que o melhor meio de prevenção é agir contra o seu agente infeccioso, o mosquito Aedes. Confira algumas dicas que podem ajudar na prevenção:
1. Fazer, pelo menos uma vez por semana, uma vistoria em casa em busca de eliminar possíveis locais de reprodução do mosquito;
2. Observar se a caixa d’água está vedada e se as calhas não estão acumulando água;
3. Limpeza correta de tanques de armazenamento de água e bandejas de geladeira;
4. Ficar atento a não deixar água acumulada embaixo de vasos de planta;
5. Limpeza correta de ralos e vasos sanitários, principalmente em locais que estão sem uso;
6. Não deixar objetos que acumulem água ao redor da casa, como: pneu, garrafas, copos de iogurtes, sacos plásticos e entre outros.
Por André Costa
Fonte: Diário do Nordeste