Um projeto pioneiro na região Centro-Sul cearense, que começou a ser implantado há pouco mais um ano na zona rural de Iguatu, por um grupo de jovens, está apresentando bons resultados. O Balaio Agroecológico aposta no cultivo agroflorestal. Os empreendedores desenvolvem uma ação coletiva que contempla a aquisição de alimentos de agricultores de base familiar e incentiva a produção ecológica, sem o uso de agrotóxicos.
A ideia nasceu na localidade de Juazeirinho, zona rural de Iguatu. A área está verde e florida. Atrai abelhas e beija-flores. “Antes, o cenário não era este. O terreno era utilizado para criação de gado e estava degradado”, apressa-se em explicar o acadêmico de Biologia no campus local da Universidade Estadual do Ceará (Uece) e agricultor agroecológico, Dauyzio Alves Silva, um dos idealizadores do projeto.
O cultivo está em fase inicial e já tem mais de duzentas variedades de espécies plantadas em um espaço de dois mil metros quadrados. Os canteiros de hortaliças, fruteiras e até árvores nativas foram semeados. Apenas 30% das plantas resultaram de germinação espontânea.
Os amigos Dauyzio Alves e Júnior César articularam, planejaram e tiram do papel o projeto e o sonho. A colheita do cultivo agroflorestal começou com foco na subsistência, ou seja, era voltado para o consumo próprio, mas isso mudou. A iniciativa da dupla ganhou força e amplitude. “Queremos fazer desse local um centro de treinamento voltado para o incentivo ao plantio agroflorestal”, pontuou Júnior César.
Produção natural
A busca por uma alimentação livre de agrotóxicos impulsionou o projeto. “A gente queria comer hortaliças e frutas sem agrotóxicos, uma alimentação sadia”, disse Dauyzio Alves. “A gente planta árvores nativas e fruteiras e cria o sistema agroflorestal que protege o modelo, trazendo uma outra visão agrícola, de preservação do solo, com diversidade de espécie”.
A pandemia do novo coronavírus atrasou o cronograma de implantação e desenvolvimento do projeto. Mas ele resiste e cresce. A área onde o cultivo foi implantado é arrendada e conta com a parceria do apicultor Ribamar Batista, que é o proprietário do terreno. Além do cultivo próprio, o projeto compra a produção de outros agricultores de base familiar, cuja produção ocorre no sistema agroflorestal ou agroecológico.
Ribamar do Nascimento considera “importante o cultivo agroflorestal por preservar a natureza” e mostra-se admirado com o andamento do trabalho, acreditando que “tem tudo para dar certo e crescer em produção”.
Articulação virtual
Diante da crise provocada pela pandemia do coronavírus, o projeto passou a usar as redes sociais para vender a produção. Os produtos são ofertados in natura e em compotas. Em média são comercializadas 70 cestas por semana. O valor varia de acordo com as escolhas dos consumidores. A entrega é feita diretamente na casa do comprador.
A produção agroecológica tem contribuindo como fonte de renda para as famílias, que têm o lucro ampliado com as vendas pela internet. Júnior César, agricultor agroecológico, destacou que por meio de redes sociais tem conseguido fidelizar clientes. “O consumidor monta a cesta com a escolha dos produtos que quer comprar a cada semana”, explicou.
O preço varia entre R$ 30,00 e R$ 60,00 e a comercialização é feita às terças-feiras e sextas-feiras. O próximo passo é introduzir novas variedades de verduras, grãos e legumes para ampliar a oferta de alimentos, além do tradicional arroz, feijão, tomate, coentro, cebolinha e alface.
A empresária, Marta Alves, é uma das clientes do projeto e está satisfeita. “Recebo em casa, toda semana, verduras e frutas, que sei que são produzidas por agricultores agroecológicos, sem veneno”, disse. “Para mim, foi uma ideia muito boa, traz comodidade e alimentação de qualidade”, complementa.
Por Honório Barbosa
Fonte: Diário do Nordeste