A cratense Shayana Sarah Mousinho, de 25 anos, acaba de alcançar um feito inédito: tornou-se a primeira mulher do Cariri e a mais jovem do interior do Ceará aprovada no Concurso de Admissão à Carreira Diplomática (CACD), considerado um dos mais difíceis do Brasil. O resultado final da homologação foi divulgado na quarta-feira (5), em Fortaleza, confirmando sua entrada para a turma de futuros diplomatas do Itamaraty.
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🌟 Trajetória marcada por esforço e representatividade
Egressa do curso de Direito da Universidade Regional do Cariri (URCA), Shayana também atuou como docente no campus de Iguatu e concluiu pós-graduação em Direito Constitucional. Concorrendo a uma das 50 vagas, entre 9 mil candidatos, ficou em 8º lugar entre os 10 aprovados pelo sistema de cotas.
A conquista ganha ainda mais força pelo simbolismo: Shayana é mulher negra, nordestina e parte do maior percentual de mulheres aprovadas da história do concurso, que chegou a 42%.
Sua preparação impressiona: um ano e meio de estudos quase reclusos, com média de 8 horas diárias, ritmo que normalmente exige cerca de cinco anos até a aprovação.
📚 Formação, sonhos e escolhas
Formada aos 21 anos, Shayana cursa atualmente mestrado em Direito Internacional na Universidade Católica Argentina (UCA) e atua no Ministério Público em Juazeiro do Norte.
Ela revela que sempre sonhou com a diplomacia — mesmo após ter sido aprovada quatro vezes em Medicina.
“Essa conquista é um sonho gigante. Antes do Direito, passei quatro vezes em Medicina, mas desisti já pensando na diplomacia”, afirmou.
Durante a graduação, envolveu-se em pesquisa, recebeu incentivo acadêmico e chegou a publicar parte do seu TCC na Polônia.
A jovem destaca ainda o papel de seus avós, José Hélio Ribeiro e Maria de Lourdes, que acreditaram no seu potencial e investiram “recursos, tempo, amor e dedicação”.
📝 Preparação intensa e renúncias
Durante os anos de estudo, Shayana se dedicou a uma ampla bibliografia, aperfeiçoou inglês e espanhol — idiomas que já dominava desde a adolescência — e estudou francês por três anos.
Sua primeira tentativa no CACD ocorreu em 2022, ainda como graduanda. Em 2024, foi selecionada para o Programa de Ação Afirmativa para Afrodescendentes, recebendo uma bolsa federal de R$ 30 mil, que possibilitou uma preparação mais estruturada.
Para se dedicar totalmente ao concurso, abriu mão da docência e reduziu o convívio social e familiar.
“Foram sacrificados finais de semana, até domingos. Mas, após um ano e meio, estou aprovada e não me arrependo.”
Shayana também celebra o impacto simbólico de sua presença entre os novos diplomatas.
“Representa um marco por eu ser mulher negra, interiorana, nordestina, sem recursos financeiros. É a realização de um sonho.”
🌍 Caminho rumo ao Itamaraty
O CACD é reconhecido como um dos concursos mais tradicionais e exigentes do país. Na quinta-feira (6), Shayana recebeu e-mail do Itamaraty informando que sua nomeação sairá em 31 de dezembro, com a posse prevista para a segunda quinzena de janeiro.
Após assumir o posto em Brasília, passará por cerca de um ano de formação no Instituto Rio Branco, para então ser designada ao exterior.
“De lá, partiremos para onde o Brasil precisar de nós”, afirma a futura diplomata, que já entra para a história do Cariri e do Ceará.
Por Aline Dantas










