Em janeiro, segundo e último mês de pré-estação chuvosa no Ceará, as chuvas permanecem reduzidas. Essa é a tendência para o atual período. A Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) registrou, nas últimas 24 horas, chuva com pouca pluviometria em apenas quatro cidades: Crateús (10mm), Itapipoca (9.2mm), Ararendá (9.0mm) e Iracema (3mm).
O motivo para as chuvas reduzidas é a formação desfavorável de sistemas meteorológicos – Vórtice Ciclônico de Altos Níveis (VCAN) e o aquecimento das águas superficiais do Atlântico Tropical Norte em relação à porção Sul.
Para o meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Flaviano Fernandes, “janeiro será um mês de poucas chuvas e o início de fevereiro também não deve ser bom”. Ele espera formação de um quadro mais favorável a partir do fim de fevereiro.
De acordo com os dados parciais da Funceme, até hoje, a média pluviométrica no Ceará é de 6mm, no atual mês. Esse índice significa um déficit de 93.9%, uma vez que o mês de janeiro tem média histórica de 98.7mm.
A Funceme ainda não confirmou uma data para apresentar o primeiro prognóstico para a quadra chuvosa que se aproxima (fevereiro a maio). A agência meteorológica provavelmente deve se reunir e fazer o anúncio no próximo dia 20.
Nos últimos dias um VCAN está em atuação sobre o Nordeste brasileiro, mas “o centro do sistema, que é de alta pressão e desfavorável à formação de nuvens de chuvas, permanecia sobre a região e agora começa a se deslocar para o oceano na altura da Bahia e por isso trouxe mudança no tempo com mais nebulosidade”, explicou Flaviano Fernandes.
O meteorologista do Inmet ensina que o quadro favorável à ocorrência de chuva é quando as bordas do VCAN ficam sobre o Nordeste e o centro no oceano. “É uma formação grande, quase do tamanho do Nordeste, e o centro inibe que se formem nuvens de chuva porque os ventos ocorrem de cima para baixo, mas nas bordas ocorre o contrário e os ventos sopram de baixo para cima”.
Uma característica do VCAN é a mudança rápida, diária. “Temos de acompanhar diariamente”, pontuou. Com relação ao Oceano Pacífico Tropical, permanece a formação do sistema La Niña na costa da América do Sul, de intensidade moderada. Entretanto, esse modelo traz pouca influência para as chuvas no Nordeste do Brasil.
“Temos de olhar a temperatura do Atlântico, que no momento está desfavorável, e que já deveria estar dando uma resposta, mas que ainda há tempo para melhorar, ou seja, a parte sul ficar mais aquecida do que o norte para atrair a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT)”, reforçou Flaviano Fernandes. “No momento está o contrário”. Em janeiro de 2020, o Oceano Atlântico em sua porção equatorial estava neutro.
Previsão
Por meio de nota, o Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (Cptec/Inpe), informou que “a previsão climática para o trimestre janeiro-fevereiro-março de 2021, há probabilidade de serem registradas chuvas acima da média no litoral da mesorregião Noroeste do estado do Ceará, com chuvas na faixa abaixo da média na mesorregião Sul. Nas demais localidades é esperado chuvas próximo da climatologia.
O CPTEC/INPE frisou ainda que “as condições atuais da temperatura da superfície do mar (TSM) na região do oceano Atlântico Tropical Sul (ATS) seguem o padrão esperado para esta época do ano, portanto dentro da normalidade (climatologia). No entanto, a região do Atlântico Tropical Norte (ATN) persiste há alguns meses com anomalias positivas, ou seja, mais aquecida que o normal. De modo geral, se essas condições persistirem nos próximos meses, a ZCIT poderá se deslocar mais ao norte de sua posição climatológica neste período”.
Por Honório Barbosa
Fonte: Diário do Nordeste