O fóssil do dinossauro Ubirajara jubatus, que viveu na região onde hoje é o estado do Ceará 110 milhões de anos atrás será devolvido para a cidade de Santana do Cariri na segunda-feira (12). O material está em Brasília desde domingo (4), quando foi devolvido ao Brasil pela Alemanha.
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O fóssil foi levado irregularmente por pesquisadores estrangeiros em 1995. Uma cerimônia no Ministério da Ciência vai marcar a repatriação oficial do dinossauro considerado “ancestral das aves” (saiba mais abaixo).
O Ubirajara jubatus será entregue ao Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, que fica em Santana do Cariri. Ele estava no Museu Estadual de História Natural Karlsruhe, na Alemanha.
A ida do fóssil para a Alemanha foi questionada por anos pela comunidade científica brasileira, que aponta para uma possível exportação ilegal de peças coletadas no Brasil. Em dezembro de 2020, o Ministério Público Federal (MPF) instaurou um procedimento para investigar a saída do fóssil.
De acordo com o diretor do Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, Allysson Pinheiro, o retorno do material ao Brasil “é uma vitória coletiva”. À época das negociações para trazer o fóssil de volta, Allysson declarou que “isso [o retorno] só aconteceu por conta de uma mobilização da sociedade brasileira e da comunidade científica como um todo”.
“A Bacia do Araripe está no top 5 do mundo de depósitos fossilíferos do cretáceo. Os fósseis daqui são celebrados mundialmente. Por isso, inclusive, que a gente tem tanto problema com tráfico e comercialização”, disse o diretor do museu.
Desde 1942 existe um decreto-lei que determina que os fósseis encontrados no Brasil são propriedade do Estado.
Dinossauro nordestino
O Ubirajara jubatus viveu há 110 milhões de anos na região do Geoparque do Araripe, onde hoje ficam os estados do Ceará, de Pernambuco e do Piauí. O dinossauro era do tamanho de uma galinha e revestido por penas.
O holótipo — peça única que serviu de base para a descrição da espécie — que estava no Museu Estadual de História Natural de Karlsruhe, na Alemanha, permite que os cientistas brasileiros tenham mais detalhes sobre estruturas que não se conheciam ainda em dinossauros.
Em entrevista ao g1, professor da Universidade Regional do Cariri (Urca) e diretor do Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, Allysson Pinheiro disse que o fóssil “está no DNA do povo do Cariri”.
“É parte cultural, está nos poemas, nos artesanatos, nas comidas, nas manifestações culturais da região. Passa até nas manifestações do Padre Cícero, que disse que esse sertão já foi mar. É um simbolismo que não tem em nenhum outro lugar do mundo”, disse Allysson.
Fonte: g1 CE