Uma estudante da Universidade Regional do Cariri (URCA) foi aprovada, pela quarta vez, para apresentar trabalho acadêmico fora do país. A aluna Maria Clara Arraes Peixoto Rocha, de 23 anos, natural de Crato, está no décimo semestre de Direito, e recebeu, no mês passado, a notícia de que sua pesquisa foi uma das três escolhidas em todo o mundo para receber uma bolsa de ajuda para custear parte de sua viagem até a Irlanda. A aprovação aconteceu na Maynooth University, da Irlanda. O evento acontece de 1º a 2 de novembro.
O trabalho, intitulado “Law of education guidelines and basis in brazil: an analysis of the draft amendment to the organic law in the city of Crato-CE prohibiting gender discussion in schools“ (“Lei de Diretrizes e Bases da Educação no Brasil: uma análise do projeto emenda à lei orgânica no município do Crato-CE que proíbe as discussões sobre gênero nas escolas”), estará na XX Conferência Anual WISPS (Women in Spanish, Portuguese and Latin American Studies).
Além da apresentação, a pesquisa poderá ser publicada no Journal of Romance Studies, revista acadêmica revisada por pares de estudos sobre romance publicada pela Liverpool University Press, em associação com o Institute of Modern Languages Research.
Agora, a estudante busca apoio de instituições, patrocínios e auxílios da própria URCA, já que o valor da bolsa só custeará 20% do valor das passagens e, mesmo assim, o recurso só será pago pela instituição irlandesa após o evento.
Das quatro aprovações para apresentar trabalho fora do país, a aluna não teve condições financeiras de participar em evento realizado em Nova Iorque, nos Estados Unidos, o “Lailac Annual Graduate Student Conference” na University of New York, que ocorreu em abril deste ano. As outras duas foram em Cambridge University, na Inglaterra, e na Universidad de Sevilla, na Espanha, este último onde teve participação em capítulo de livro que foi publicado.
Trajetória
A aluna conta que desde o início da sua graduação em Direito demonstrou interesse pela produção acadêmica na universidade e seguiu seu percurso na produção científica participando de congressos, conferências com publicações em anais, capítulos de livro, revistas científicas e em eventos acadêmicos que aconteceram na própria URCA, sendo premiada duas vezes na própria instituição.
“Acredito que é extremamente importante fomentar discussões sociais no âmbito da universidade, minha área de pesquisa sempre foi Direito e Gênero, e sinto que é preciso aprofundar e melhorar os conceitos acerca das temáticas envoltas de assuntos como feminismos, corpos, bio-necro-política e outros.”, afirma.
Atualmente, Maria Clara é bolsista da linha Políticas Públicas do Grupo do Estudo e Pesquisa em Estudos Regionais, História da Educação e Políticas Educacionais com o projeto “Educação, Gênero e Política: a presença das mulheres cearenses no cenário político”, que é orientado pela professora Zuleide Fernandes Queiroz do curso de Pedagogia. A aluna também é membra do Grupo de Estudo em Direitos Humanos e Direitos Fundamentais (GEDHUF) e participa da Frente de Mulheres dos Movimentos do Cariri.
“No decorrer da minha trajetória, aprendi muito em campo, na dialética do conhecimento empírico em comparação com o que é tido como científico, logo, já querendo mudar um pouco como a academia funciona, abrir espaços, resistir nele. Tentar harmonizar, de alguma forma, o lugar de fala, dentro e fora da universidade, tanto através de pesquisa, que são fundamentais para debater sobre as mulheres produzindo ciência e sendo objeto da ciência, por exemplo, como em atuações militantes das ideologias políticas as quais aprecio”, finaliza.
Fonte: Diário do Nordeste