O agricultor cedrense Mauricio Leite ergue os braços ao céu e agradece as chuvas que têm banhado o Estado. A comemoração dele pode ser explicada em números. Em apenas 19 dias, choveu 195,1 mm, quase todo o volume esperado para março (203.4). Este é o terceiro mês consecutivo que as precipitações no Estado devem ficar acima da média histórica (faltam apenas oito milímetros).
Em janeiro, a pluviometria ficou 43,9% acima do esperado, que é de 98.7 milímetros para o período. Já em fevereiro, choveu o acumulado de 192.1 mm, o que representa 61,9% acima da média para aquele mês (118.6mm).
Nos últimos dez anos, em apenas duas oportunidades, as chuvas de março foram além da média histórica ( 2019 e 2017). O pior volume registrado para o período, segundo a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), foi em 2013, quando o mês só teve o acumulado de 78.4 milímetros, isto é, cerca de 60% inferior à média para o mês.
No cenário oposto, está março do ano passado, quando o órgão meteorológico anotou 233.1 mm. Este foi o melhor índice dos últimos dez anos.
A meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Maytê Coutinho, explica que essas boas ocorrências pluviométricas deste início de ano decorrem da temperatura mais elevada na bacia do Oceano Atlântico Sul Equatorial e da ausência do sistema El Niño.
“A soma desses fatores faz com que a Zona de Convergência Intertropical influencie as chuvas em todo o Estado”, explicou Maytê Coutinho. Ainda conforme a especialista, essa tendência de chuva deve se estender até maio.
Alívio e preocupação
As boas chuvas de março trouxeram sentimentos opostos ao sertanejo. Enquanto uns sofrem com as enchentes, como foram os casos de moradores das cidade de Quiterianópolis (Sertão Central) e Massapê (Norte do Estado) que ficaram desabrigados, outros comemoram com a possibilidade de uma boa colheita no campo.
Em Cedro, a área de plantio de milho, consorciado ao feijão, já está sendo expandida pelos agricultores. Em parceria com Maurício Leite, o também agricultor Francisco Nunes, de 69 anos, plantou, ontem (19), pela manhã, uma área de três mil metros quadrados. “O plantio foi de milho e feijão-de-corda”, destaca Nunes.
Caso a frequência de chuvas permaneça nas próximas semanas, conforme o Inmet, a colheita deve ser feita em meados de junho. O sentimento entre eles é de otimismo. Outras áreas devem ser cultivadas ainda neste mês. “Fazia muitos anos que não via uma quadra chuvosa boa como esta”.
Prognóstico
Esses índices já eram esperados pela Funceme. Conforme previsão divulgada pelo órgão no fim de fevereiro, a chance de as chuvas ficarem acima da média nos meses de março, abril e maio é de 40%. A probabilidade de pluviometria dentro da média também é de 40% e, abaixo, é de apenas 20%. Na última década, a previsão para o trimestre foi acertado em sete anos. Apenas em 2011, 2012 e no ano passado, o volume de chuva destoou da previsão inicial.
Fonte: Diário do Nordeste