O acesso ao açude Orós, à válvula dispersora, a correntezinha e a outros locais de banho no município de Orós está proibido a partir de hoje (25). A decisão foi adotada por meio de decreto municipal mediante o crescimento de casos de Covid-19 e de óbitos pela doença. A interdição segue por tempo indeterminado.
Para manter o cumprimento da medida, a Prefeitura de Orós tem o apoio da Polícia Militar e dos agentes da Guarda Municipal de Orós (GMO), que fazem a fiscalização das áreas proibidas ao acesso de banhistas. Somente trabalhadores e moradores de ilhas e do entorno do açude podem transpor a barreira.
As medidas restritivas de acesso às áreas de lazer foram adotadas após reunião, na última sexta-feira (22), do Comitê Municipal de Combate ao Coronavírus. “Há preocupação com o aumento de óbitos e dos casos de Covid-19 porque também cresceu muito a presença de turistas no açude”, observou a coordenadora da Vigilância Sanitária de Orós, Aurília Aquino.
O açude Orós é o segundo maior do Estado e acumula hoje 20,2% de sua capacidade que é de 1,9 bilhão de metros cúbicos. Desde dezembro passado que o reservatório voltou a atrair visitantes que buscam opções de banho e os restaurantes que oferecem os pratos típicos – baião-de-dois e peixe frito. Nos fins de semana a movimentação é maior.
O decreto municipal que vetou o acesso de banhistas não afeta o funcionamento dos restaurantes que “ficarão abertos, mas devem cumprir os protocolos de prevenção sanitária”, pontuou Aurília Aquino.
Para a secretária de Saúde do município, Zuíla Maciel, “a medida tem por objetivo reduzir e conter o aumento dos casos de Covid-19”.
Impacto
Antônio Feitosa, comerciante, disse que a medida vai afetar os negócios. “Já ficamos mais de quatro meses no ano passado sem funcionar e agora esse decreto vai afastar as pessoas que vêm do Cariri, de Iguatu, de Icó e de outras cidades”, ponderou. “As pessoas não vêm aqui só pela comida, querem tomar banho e acho que agora ninguém vem mais”.
O barqueiro Francisco Custódio, que há 15 anos faz passeio com os visitantes nas águas do Orós, mostrou-se preocupado. “O movimento é maior no fim de semana, e acho que agora não vai ter mais gente e vai derrubar a nossa renda, que já é pouca”, disse. “Acho que é seguro, todo mundo de máscara, não tem perigo, não deviam proibir dessa forma”.
O turista Alberto Oliveira foi surpreendido na manhã desta terça-feira (26) ao chegar ao açude Orós. Ele e a família queriam tomar banho na válvula dispersora e na correntezinha, mas o acesso estava interditado. “Hoje aqui está quase vazio e não vejo sentido nessa proibição porque estamos ao ar livre, e podemos manter o distanciamento, o uso de máscara”, reclamou. “As lojas, os bancos, os ônibus estão cheios, mas isso pode, não dá para entender”.
Números da pandemia
A vacinação contra a Covid-19 continua em Orós. Até o momento já foram imunizados 118 profissionais de Saúde e motoristas de ambulâncias que estão na linha de frente da pandemia do novo coronavírus. Na primeira remessa, o município recebeu 150 doses da vacina coronavac.
Hoje deve receber mais 60 doses do imunizante da Oxford/Astrazeneca destinadas aos profissionais de saúde e 220 para os idosos acima de 75 anos. “Vamos fazer o cadastro da população idosa”, explicou a coordenadora de imunização do município, Cybele Vidal. “Não temos indígenas e nem idosos em abrigos”.
O motorista de ambulância Charles de Oliveira, foi vacinado na manhã desta terça-feira (26) e destacou a importância da vacinação. “É necessário que todos sejam vacinados para a gente vencer essa pandemia”, disse. Ele lamentou a falta de conscientização das pessoas e destacou que “do fim do ano passado para cá, com muita gente aglomerada, sem máscara e agora a conta tá chegando com mais gente doente e morrendo”.
O município de Orós acumula desde o início da pandemia 49 óbitos por Covid-19. Somente neste mês de janeiro ocorreram cinco mortes por complicações da doença. No total, são 1439 casos confirmados da doença. Um grupo de 52 pessoas permanece em isolamento domiciliar e 1338 estão recuperados. Os dados são do sistema IntegraSus, da Secretaria de Saúde do Estado (Sesa).
Por Honório Barbosa e Wandenberg Belém
Fonte: Diário do Nordeste