A ocorrência de chuva, mesmo localizada, em vários municípios cearenses desde a última quinta-feira (22) contribui para a redução de focos de calor e de incêndio em vegetação no semiárido cearense, avalia o Corpo de Bombeiros. A terra e o mato ficam úmidos e reduzem as queimadas.
O capitão do Corpo de Bombeiros, comandante adjunto da 2ª Companhia de Bombeiros Militares, em Crateús, José Artêmio Aragão Prado Júnior, observou que “as chuvas contribuem sim para a redução das queimadas” e explicou que “solo e a vegetação ficam mais úmidos, e não impedem, mas dificultam a ocorrência de fogo”.
Nas cidades de Ipu e Ipueiras, houve registro de chuvas na sexta-feira e no sábado passados. “Se as chuvas mesmo pontuais continuassem seriam um alívio para esse quadro crescente de tantas queimadas”, acrescebtou o capitão.
As últimas precipitações, de acordo com o meteorologista da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), Raul Fritz, decorrem de “áreas de instabilidade que se formaram sobre o oceano Atlântico Tropical e avançam sobre o continente, e colaboraram para registros de chuva no Ceará nos últimos dias”.
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) também previa ocorrência de chuva para o sertão cearense para o período de 22 a 26 de outubro.
Desde a última quinta-feira, houve registro de chuva em municípios da Região do Cariri (Altaneira, Missão Velha, Juazeiro do Norte, Assaré, Crato e Lavras da Mangabeira) com precipitações que variaram entre 5mm a 34mm.
Na madrugada deste sábado, a Funceme registrou chuva em Cariús (42mm), Lavras da Mangabeira (23.5mm), Crato (10mm), Juazeiro do Norte (12mm), Viçosa do Ceará (8mm), Russas (5.6mm) e Jardim (5mm).
Queimadas
O professor de geografia do Instituto Federal do Ceará (IFCE), campus de Iguatu, Carlos Lima da Silva, pontuou que “as queimadas ocorrem com maior incidência no período em que o solo e a mata estão mais secos, favorecendo a expansão do fogo, entre setembro e novembro”.
Em dezembro, quando as chuvas já chegam no período de pré-estação chuvosa, há uma redução nos índices de queimadas na região Cariri cearense. “Há uma relação direta entre o tempo seco e quente. No período de preparo de solo para o plantio, em que o agricultor usa uma prática cultural antiga, o fogo nos restos de plantio e da mata nativa rebrota com as queimadas”, observa o diretor do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Iguatu, Sebastião Alves. “Quando as chuvas chegam mais cedo, o tempo esfria e as queimadas diminuem”, pontua.
Carlos Lima frisa que as queimadas, a cada ano, contribuem para o avanço do processo de desertificação, a partir da degradação do solo que fica exposto, e da perda da vegetação. “Temos consequências econômicas, ambientais e de saúde para a população exposta à fumaça”, pontuou. O docente defende a “adoção de políticas públicas de prevenção às queimadas”.
Por Honório Barbosa
Fonte: Diário do Nordeste