As chuvas de 2020 caminham para quebrar diversos recordes pluviométricos no Estado. As precipitações têm sido volumosas. Em 96 dias, já choveu 647,3 milímetros, o que representa 81% do esperado para todo o ano. O volume de chuva observado até ontem (6), já é superior ao acumulado nos doze meses de 2015, 2014, 2013, 2012 e 2010.
A tendência para ao longo da quadra chuvosa (que se estende até maio) é de continuidade de bons índices, conforme previsão dos principais órgãos meteorológicos. A Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) mantém o prognóstico de 80% de probabilidade para chuvas acima ou dentro da média, e apenas 20% para abaixo da média. “As chances do trimestre (março, abril e maio) terminar em torno da média ou acima, ainda é o mais provável de acontecer”, pontuou o meteorologista da Funceme, Raul Fritz.
Caso essa previsão, na prática, se confirme, o volume acumulado ao fim de 2020 vai superar a média anual (800.6 mm), devendo ficar atrás apenas de 2011, quando a Funceme anotou acumulado de 996.6 mm. Além disso, a tendência é de que essa seja a primeira vez, nos últimos onze anos, em que os cinco meses iniciais do ano superem, consecutivamente, a média histórica. No primeiro trimestre deste ano, as chuvas foram além do esperado. Cenário semelhante só foi verificado em 2019 no recorte temporal dos últimos 11 anos.
Bons volumes
Inicialmente, a previsão era de que as chuvas se concentrassem com maior intensidade na primeira quinzena de abril. Fritz confirma a tendência, mas sugere prolongamento deste cenário. “Aumentou, recentemente, a tendência de chover melhor na segunda quinzena deste mês”, disse.
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Cptec/INPE) também avaliam que a atuação dos fenômenos climáticos favorecerão a ocorrência de boas precipitações no Estado nos próximos dois meses.
“Para a porção Centro-Norte do Ceará, há uma maior tendência de ocorrência de chuva dentro da média ou levemente acima. Na região Centro-Sul, não há sinal definido, pois há igual probabilidade de chuvas abaixo, dentro da média ou um pouco acima”, destacou o climatologista do Cptec/Inpe, Diego Jatobá. Esse quadro positivo pode ser explicado, segundo a meteorologista do Inmet, Andrea Ramos, pelas condições oceânicas que continuam favoráveis. “A Zona de Convergência Intertropical permanece atuando próximo ao Norte do Nordeste, favorecendo chuvas no Ceará”, detalhou. Ela acrescenta que “os dados mostram um forte tendência de chuvas dentro da normalidade até junho”, disse.
Distribuição
Para além dos altos índices pluviométricos, os agricultores comemoram a boa distribuição de chuvas em quase todas as regiões do Estado. Nos dois primeiros meses do ano, todas as oito macrorregiões cearenses tiveram chuvas acima da média. Em março, apenas o Maciço de Baturité apresentou precipitações abaixo do esperado. Mesmo assim, Raul Fritiz minimiza o impacto. “As regiões com menores acumulados de chuva não abrigam os maiores reservatórios do Estado, que dependem de muita chuva”.
Este tem sido o grande diferencial de 2020. As chuvas têm se concentrado nas regiões onde estão edificados os maiores açudes do Estado. O resultado é o aporte em diversos açudes. No Castanhão a recarga foi significativa. O maior do Estado passou de 2,8% em 2018, para 12,3%. Melhor índice desde 2016.
Por André Costa/ Honório Barbosa
Fonte: Diário do Nordeste