A repatriação do fóssil de um novo dinossauro terópode, encontrado em 1995 na Bacia do Araripe, no Sul do Ceará, segue indefinida, de acordo com a Sociedade Brasileira de Paleontologia (SBP).
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Segundo a entidade, a Alemanha – país para qual o Ubirajara jubatus foi levado – se recusa a devolver o fóssil. A comunidade paleontológica brasileira aponta que a ida do material para o museu alemão Staatliches Museum für Naturkunde Karlsruhe (SMNK) foi ilegal.
Conforme a associação, em dezembro de 2020, o Staatliches Museum “se mostrou extremamente solicito a possibilidade de devolução do material ao Brasil de forma voluntária”.
Também de acordo com a SBP, a entidade e a Agência Nacional de Mineração (ANM) intermediavam as condições de repatriação do terópode, que foi tombado com o acrônimo SMKN PAL 29241.
‘Reuniões burocráticas’
Durante as tratativas, informou a associação, o museu alemão, representado pelo Dr. Eberhard Dino Frey, comunicou que faria algumas “reuniões burocráticas” para a consequente liberação do espécime de volta para o Brasil.
Contudo, em decorrência da pandemia de Covid-19, os encontros foram sendo postergados e não houve mais contato sobre o tema.
“Isso, por si só, nos aflige, pois não apenas o exemplar não mais será devolvido de forma voluntária mas também abre-se o precedente para que o restante do material brasileiro depositado de forma ilegal na Alemanha seja interpretado como legal”, afirmou a SBP.
A entidade pontuou que está em tratativas para que a revista científica Cretaceous Research continue interpretando o material ilegal e, com isso, mantendo o trabalho suspenso. “Também estamos buscando as formas legais para que esse processo de repatriação ocorra”, destacou.
Luta pela repatriação
Para a associação, a comunidade paleontológica não deve esmorecer, mas sim continuar na luta pela repatriação não só do terópode, mas também de qualquer outro retirado do Brasil de forma escusa, como o Palpimanidae, também do Crato.
Este, explicou a SPB, foi descrito neste ano pela Journal of Arachnology, mas, até este momento, não se manifestou quanto a ilegalidade do material. “Não pararemos de lutar pelo nosso patrimônio natural e cultural”, assegurou a instituição.
Entenda o caso
O fóssil foi encontrado em uma pedreira, entre os municípios de Nova Olinda e Santana do Cariri, na Formação Crato, e levado para Alemanha em 1995. Ele viveu no período Cretáceo, há cerca de 110 milhões de anos.
O dinossauro tinha o tamanho aproximado de uma galinha, uma crina ao longo do torço e um par de “fitas”, estruturas rígidas, que não se assemelham a escamas, penas ou pelos, mas que poderiam ser únicas deste animal.
Estas estruturas incluem monofilamentos delgados associados à base do pescoço, aumentando em comprimento ao longo da região torácica dorsal, onde formam uma juba, bem como um par de estruturas alongadas em forma de fita, provavelmente emergindo do ombro.
Parente próximo
O Ubirajara jubatus faz parte da subordem de dinossauros Theropoda, tendo como parente próximo o dinossauro jurássico Compsognathus, encontrado na Europa.
Seu fóssil, que é um holótipo, peça única que serviu de base para sua descrição, está no Museu Staatliches für Naturkunde, na cidade de Karlsruhe, na Alemanha.
Fonte: Diário do Nordeste