Em meio ao isolamento social, a Cooperativa Central das Áreas de Reforma Agrária do Ceará (CCA), orienta remotamente assentados a seguirem as orientações de autoridades em saúde pública e do Governo do Ceará. O grupo do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra realiza vendas por meio da Feira da Reforma Agrária e também mobiliza a juventude na criação de barreiras sanitárias com o objetivo de frear a propagação da pandemia da Covid-19 em comunidades rurais.
A parceria com a Secretaria do Desenvolvimento Agrário garante o atendimento de 1.050 famílias de 36 assentamentos em 17 municípios cearenses (Edital 11/2019). Os números das cinco cadeias produtivas impressionam, com uma produção de 5 mil litros de leite por dia e estimativa de produção de 20 toneladas de mandioca por hectare em 2020. A apicultura, a ovinocaprinocultura e a cajucultura são os outros setores acompanhados por assistência técnica desde outubro do ano passado.
“Ainda em 2019, foram desenvolvidas atividades de sensibilização e diagnóstico, que possibilitaram a equipe técnica desenvolver um plano de atividades considerando as potencialidades produtivas, sociais e a participação de gênero de cada assentamento”, esclarece Junior Mendes, coordenador da CCA. As ações remotas envolvem a utilização das mídias sociais e garantem orientações técnicas na produção de alimentos saudáveis para todos os cearenses.
“A assistência técnica começou aqui no assentamento Amanaju (em Senador Pompeu) no começo do ano e, com o início dessa pandemia, o trabalho não pode mais acontecer presencialmente. Quando tem algum animal doente, eles (a CCA) orientam o medicamento e também na questão do pasto. O que queremos é que essa doença passe logo porque a presença deles é muito importante para nós”, relata o produtor Erinaldo Castro, também atendido pelo Projeto São José.
“Para além das ações produtivas, a CCA desenvolve no Assentamento Santana, em Monsenhor Tabosa, trabalhos de mobilização social no combate a COVID-19. O trabalho: conscientiza as famílias sobre a importância do isolamento social, cuidados e autocuidados no campo e necessidade de criação de uma barreira popular sanitária. Assim, a juventude se organiza, debate e mantêm equipes que permitem o controle consciente de entradas e saídas do assentamento”, informa Junior.
“Os produtos do MST tem 100% de garantia porque são produtos sem o uso de agrotóxicos, ou qualquer químico que agrida o meio ambiente. Ao adquirir esses produtos, além de estimular a economia solidária, você contribui com a segurança alimentar e geração de ocupação e renda das famílias do campo. Sempre que posso consumo os alimentos do Movimento dos Sem Terra”, argumenta João Filho, promotor do Ministério Público do Estado do Ceará.
Fique por dentro
A Cooperativa Central das Áreas de Reforma Agrária do Ceará foi uma das entidades vencedoras dos editais de Nos. 11 e 21/2019. Os convênios atendem a 1.050 famílias em dezessete municípios cearenses. São eles: Quixeramobim (114 famílias), Senador Pompeu (44), Tamboril (100), Monsenhor Tabosa (81), Santa Quitéria (156), Russas (33), Jaguaruana (21), Chorozinho (29), Icó (68), Acaraú (21), Amontada (41), Itapipoca (7), Miraíma (13), Mombaça (86), Canindé (89), Crateús (101) e Santana do Acaraú (45)
No total, os editais contemplam mais 2.852 famílias de agricultores familiares com assistência técnica em 39 municípios do Estado. O prazo de execução do serviço é de 365 dias e inclui atividades como sensibilização da comunidade, apresentação de diagnósticos de produção familiar e associativa, acompanhamento e e entrega de relatórios mensais e de encerramento do projeto.
“A metodologia tem caráter socioeducativo e acontece dialogicamente, pela prática dos agricultores e a troca de saberes com os técnicos. Promovemos assim, geração e apropriação de conhecimentos, construção de processos de desenvolvimento sustentável e adoção e adaptação às tecnologias de informação e comunicação”, conclui Castro Júnior, coordenador de Desenvolvimento dos Assentamentos, Reassentamentos, Comunidades Originárias e Tradicionais (Codea/SDA).