Na manhã deste sábado (14), a Polícia Federal (PF) prendeu o general da reserva Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, além de ex-candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro em 2022. A prisão ocorreu em Copacabana, no Rio de Janeiro, e ele ficará sob custódia do Exército no Comando da 1ª Divisão de Exército, também na capital fluminense.
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Braga Netto é investigado no inquérito que apura um suposto plano de golpe de Estado para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2022. A operação incluiu mandados de busca e apreensão na residência do general e do coronel da reserva Flávio Botelho Peregrino, em Brasília, ambos autorizados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O Ministério Público Federal (MPF), por meio do procurador-geral da República, Paulo Gonet, respaldou o pedido de prisão preventiva de Braga Netto. A operação foi realizada neste sábado, já que o general retornou de viagem apenas na noite de sexta-feira (13), respeitando a legislação que impede ações domiciliares entre 21h e 5h.
Acusações
O general é apontado como líder do grupo que teria planejado a intervenção militar, incluindo a possibilidade de assassinato do presidente Lula, do vice Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes. Ele é acusado pelos crimes de tentativa de abolição do estado democrático de direito, golpe de Estado e organização criminosa, cujas penas podem ultrapassar 30 anos de prisão.
A investigação destaca que Braga Netto teria financiado o plano e aprovado documentos que indicavam a logística e os recursos necessários para a execução do golpe. Um desses documentos, intitulado Copa 2022, detalhava ações clandestinas, incluindo o uso de militares das Forças Especiais, conhecidos como “kids pretos”.
Delação de Mauro Cid
A prisão de Braga Netto foi motivada, em parte, pela delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. Cid revelou à PF que o general entregou dinheiro vivo, em caixas de vinho, para financiar o plano golpista. Além disso, mensagens encontradas nos celulares dos investigados sugeriam o uso de R$ 100 mil para viabilizar a operação.
Entre as evidências, a PF apreendeu um documento que colocava Braga Netto como chefe de um eventual governo provisório em caso de sucesso do golpe. O plano detalhava um “gabinete de gestão da crise”, que seria liderado por ele e pelo general Augusto Heleno, também investigado.
Defesa nega acusações
Os advogados de Braga Netto negaram as acusações, afirmando que o general não participou de qualquer planejamento de golpe de Estado ou de ações violentas. Em nota divulgada anteriormente, a defesa classificou as alegações como infundadas e prometeu apresentar esclarecimentos à Justiça.
Além de Braga Netto, o coronel Flávio Botelho Peregrino está sendo investigado por seu suposto envolvimento no plano. Em outubro, a PF encontrou em sua mesa, na sede do Partido Liberal, um documento golpista intitulado Lula não sobe a rampa.
Desdobramentos da operação
A investigação faz parte do relatório de 884 páginas da Operação Contragolpe, que resultou no indiciamento de 37 pessoas, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro. A PF segue apurando o envolvimento de outros militares e civis no caso, enquanto Braga Netto aguarda os próximos passos da Justiça sob custódia do Exército.
Por Heloísa Mendelshon