O diretor da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, anunciou nesta terça-feira (11) a descoberta de uma nova joia negociada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nos Estados Unidos, reforçando as investigações sobre transações de artigos de luxo envolvendo Bolsonaro e seus aliados. As informações são da Folha de S.Paulo.
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Durante uma entrevista à imprensa, Rodrigues afirmou que, além das joias previamente conhecidas, os investigadores identificaram uma nova peça que estava fora do escopo inicial da investigação. “A nossa diligência localizou que, além dessas joias que já sabíamos que existiam, houve negociação de outra joia que não estava no foco dessa investigação. Não sei se ela já foi vendida ou não foi. Mas houve o encontro de um novo bem vendido ou tentado ser vendido no exterior”, disse Rodrigues. Ele enfatizou que essa descoberta “robustece a investigação”.
A Polícia Federal espera concluir o caso ainda em junho. A descoberta ocorreu durante diligências nos EUA, realizadas em cooperação com o FBI, no âmbito do tratado de assistência jurídica mútua (Mutual Legal Assistance Treaties).
Fontes investigativas sugerem que Bolsonaro pode ser indiciado por peculato, crime cuja pena varia de 2 a 12 anos de prisão e multa. Caso a pena final ultrapasse oito anos, ele poderá cumprir a sentença em regime fechado; penas entre quatro e oito anos podem ser cumpridas em regime semiaberto.
O escândalo das joias teve início em 2021, quando o então ministro Bento Albuquerque (Minas e Energia) tentou entrar no Brasil com artigos de luxo na mochila, sem declará-los, resultando na apreensão pela Receita Federal. Albuquerque afirmou que as joias eram presentes do governo da Arábia Saudita para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, avaliados em R$ 5.602.897,30.
Investigações revelaram que Bolsonaro e seus auxiliares retiraram do país, em aviões presidenciais, pelo menos outros quatro conjuntos de bens recebidos em viagens internacionais. Os itens foram levados para os EUA em 30 de dezembro de 2022, quando Bolsonaro deixou Brasília para Orlando.
A Polícia Federal realizou buscas nos endereços de pessoas próximas a Bolsonaro, incluindo o general da reserva Mauro Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, o advogado Frederick Wassef, e o tenente do Exército Osmar Crivelatti. A PF acredita que Bolsonaro usou a estrutura do governo para desviar presentes de alto valor.
A defesa de Bolsonaro nega qualquer apropriação de bens públicos e afirma que ele voluntariamente pediu ao Tribunal de Contas da União (TCU) a entrega das joias para decisão final sobre seu tratamento. O ex-presidente afirmou querer esclarecer o caso rapidamente e negou ter ordenado a venda de qualquer item. Em depoimento à PF, Bolsonaro declarou ter conhecimento das joias apreendidas 14 meses após o ocorrido e buscou evitar um “vexame diplomático”.
Fraude no cartão de vacinação
Andrei também comentou sobre o inquérito das fraudes nos cartões de vacinação de Bolsonaro, previsto para ser concluído em junho. A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu diligências adicionais, que já foram finalizadas. Bolsonaro foi indiciado pela PF por falsificação de certificados de vacinação contra a Covid-19, juntamente com o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, o deputado federal Gutemberg Reis (MDB-RJ) e outras 14 pessoas.
A investigação apontou a suspeita de inserção de dados falsos em sistema público e associação criminosa. Mauro Cid afirmou que a fraude no cartão de vacinação de Bolsonaro e sua filha Laura foi feita a pedido do próprio presidente.
A pena para associação criminosa é de reclusão de 1 a 3 anos, enquanto a inserção de dados falsos pode resultar em reclusão de 2 a 12 anos e multa.
Nesta terça-feira, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, prorrogou por mais 180 dias o inquérito das milícias digitais, que apura a existência de milícias antidemocráticas e seu financiamento, incluindo as investigações das joias e a falsificação dos cartões de vacina da Covid-19.
Por Bruno Rakowsky