Ao lado do presidente Jair Bolsonaro, o secretário de Aquicultura e Pesca, Jorge Seif Júnior, reiterou que a população do Nordeste pode continuar consumindo pescados apesar das manchas de petróleo que atingem a costa da região há dois meses. Segundo o secretário, o peixe tem inteligência e foge ao perceber a presença de óleo no mar.
“O peixe é um bicho inteligente. Quando ele vê uma manta de óleo ali, capitão, ele foge, ele tem medo”, afirmou Seif Júnior na live transmitida nas redes sociais de Bolsonaro ontem. “Então, obviamente que você pode consumir seu peixinho sem problema nenhum. Lagosta, camarão, tudo perfeitamente sano.”
O secretário afirmou ainda que até o momento o Ministério da Saúde não detectou nenhum peixe contaminado pelo óleo.
“Os únicos casos de contaminação foram pessoas que estavam sujas desse óleo e usaram tíner ou óleo diesel para retirar do corpo”, disse. “Podem consumir pescado, está 100% avaliado pelo Ministério da Agricultura, pelo Serviço de Inspeção Federal.”
Após a fala de Seif Júnior, Bolsonaro fez a ressalva de que alguns animais foram encontrados no meio das manchas de óleo.
“Obviamente, de vez em quando fica uma tartaruga ali na mancha de óleo – para não falar que ninguém fica, né? Um peixe, um golfinho pode ficar, mas tudo bem”, disse o presidente.
Até esta quinta, segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), 110 animais foram encontrados sujos de óleo no litoral nordestino, entre tartarugas-marinhas, aves e um peixe-boi. Do total, 81 estavam mortos.
Ainda de acordo com o Ibama, 286 localidades de 98 municípios dos nove Estados do Nordeste foram atingidas pelo óleo.
‘Mimimi’
Depois da repercussão de sua fala, Seif Júnior foi às redes sociais e afirmou que gosta de “mimimi”. “Adoro o mimimi… amo”, publicou o secretário no Twitter.
Um dia após anunciar o veto, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), pasta à qual a Secretaria da Agricultura e Pesca (SAP) está subordinada, recuou e liberou a pesca de camarão e lagosta no Nordeste a partir desta sexta-feira, 1º. O governo federal não apresentou os estudos técnicos que motivaram a nova decisão.
Investigações
Na mesma transmissão, Bolsonaro ressaltou a complexidade das investigações para descobrir o responsável pelo vazamento do óleo e negou que o governo tenha demorado para agir.
“Eu só podia agir quando o óleo chegou na praia, meu Deus do céu, porque os satélites, os aviões não conseguiram detectar nada”, disse o presidente. “O óleo, ela tem uma densidade um pouquinho maior do que a da água salgada. Em consequência disso, não ficava na flor da água, ficava, em média, um metro abaixo.”
Bolsonaro citou um laudo da Universidade Federal da Bahia (UFBA) que identificou que o petróleo encontrado na costa do Nordeste é proveniente da Venezuela para culpar o país vizinho pelo vazamento.
“Já está mais do que comprovado (pela) Universidade Federal da Bahia que o óleo é da Venezuela. Talvez por isso que a esquerda começa a me atacar como se eu fosse o responsável por isso, como se tivesse agido tarde.”
Segundo o presidente, a Venezuela contrabandeia petróleo para escapar dos embargos econômicos impostos contra ela.
Visita
Bolsonaro afirmou ainda que, apesar de ter uma “agenda muito grande”, deve visitar as regiões atingidas pelo óleo e até “mergulhar em algum lugar” e “ouvir o povo”. Ele elogiou o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que foi à região como presidente da República em exercício. “Davi Alcolumbre me representou muito bem num sobrevoo no Nordeste”, disse.
Fonte: Estadão Conteúdo