O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello comunicou à CPI da Covid que não vai comparecer presencialmente ao seu depoimento no Senado, marcado para esta quarta-feira. Em ofício, Pazuello afirmou que teve contato com pessoas infectadas pela Covid-19 e, por isso, não poderia ir presencialmente ao Senado esta semana. Ele sugeriu como alternativa manter a data da sessão, mas em formato remoto, o que não foi aceito pelos membros do colegiado. O presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), marcou novo depoimento para daqui a 15 dias. Desta forma, deve ficar para o dia 19 de maio.
Em documento enviado a Aziz (PSD-AM), o secretário-Geral do Exército, Francisco Humberto Montenegro Junior, atestou que Pazuello teve contato com dois servidores do Executivo acometidos de Covid-19. Apesar de sugestões para que o ex-ministro fizesse o teste para a Covid-19, Aziz preferiu confiar na palavra de representantes do Exército e adiar o depoimento.
Senadores governistas defenderam que Pazuello prestasse depoimento remoto nesta quarta-feira. Ciro Nogueira (PP-PI), aliado do presidente Jair Bolsonaro e membro da CPI, argumenta que “já foi acordado que qualquer pessoa pode depor remotamente”. Ele ressalta que Pazuello não queria adiar sua oitiva.
Omar Aziz esclareceu, porém, que não irá permitir depoimentos remotos na CPI para que não haja “subterfúgios” nos depoimentos, como “dizer que o link caiu”. Ele negou que tenha acordado que poderia haver oitivas remotas, e disse que sua decisão se refere apenas à presença de senadores nas sessões de forma remota.
O relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), sugeriu que Pazuello fizesse um teste de Covid para demonstrar boa vontade com a comissão. Em resposta, Aziz disse que basta o Exército comunicar à comissão que Pazuello teve contato com pessoas com Covid.
— Não haverá subterfúgios na minha presidência. Nós vamos esperar. Só quero que seja comunicado pelo comando do Exército que o ministro Pazuello esteve em contato (com pessoas com Covid). Eu não quero exame nenhum. O Exército tem fé pública e o comandante do Exército tem fé pública. Se ele disser para mim que isso aconteceu, eu não preciso pedir nenhum teste.
Aziz disse aos senadores que é possível esperar 14 dias de quarentena para que Pazuello seja ouvido, e que isso é preferível a fazer o depoimento de forma remota.
A comissão, que se reúne hoje, começou a ouvir o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta. O depoimento de Nelson Teich foi adiado para amanhã.
Em outubro do ano passado, Pazuello anunciou que foi infectado pela Covid-19 e chegou a ser internado no Hospital das Forças Armada (HFA), em Brasília.
Temendo o depoimento do ex-ministro da Saúde, o Palácio do Planalto está treinando Pazuello desde sábado, conforme revelou O Globo. O general é visto como um dos principais alvos da CPI da Covid.
— O ministro Pazuello teve contato com dois coronéis auxiliares dele neste fim de semana, que estão com Covid. Segundo a informação que eu tenho, ele estará em quarentena e não virá depor amanhã Não é oficial, é extra-oficial. Já conversaram comigo sobre isso, só que eu disse que tem que mandar…— disse Omar Aziz durante a sessão.
— Ele anda sem máscara e não pode vir a CPI? — ironizou a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), de oposição.
Fonte: O Globo