No dia em que o Brasil registrou mais um recorde de mortes pela Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta quarta-feira (3) que, no que depender dele, o país nunca terá um lockdown.
“No que depender de mim nunca teremos lockdown. Nunca, uma política que não deu certo em lugar nenhum do mundo. Nos Estados Unidos vários estados anunciaram que não têm mais [lockdown]. Não quero polemizar esse assunto aí”, disse o presidente.
“Não aguenta mais. O cara quando fecha uma empresa, 10, 12 pessoas mandadas embora, dificilmente arranja emprego novamente.”
As declarações de Bolsonaro ocorreram em frente ao Palácio da Alvorada, em conversa com apoiadores. As falas foram transmitidas por um site bolsonarista.
O Brasil atravessa o momento mais duro da pandemia do coronavírus.
O país mais uma vez bateu o recorde de mortes registradas em um único dia, com 1.840 óbitos. Além disso, pelo quinto dia consecutivo, o país tem recorde na média móvel de mortes, 1.332.
O Brasil já está há 42 dias seguidos com média móvel acima de 1.000.
O recorde de mortes anterior ocorreu na terça: 1.726 óbitos, no maior salto da pandemia.
Desde o início da crise sanitária Bolsonaro minimizou o vírus, criticou medidas defendidas por especialistas, como o isolamento social, e defendeu medicamentos que são ineficazes para o tratamento da doença.
Com o sistema de saúde operando no limite, diversos estados decretaram medidas mais rígidas —entre elas o fechamento de serviços não essenciais— para tentar conter a transmissão do vírus.
Ao contrário do que diz Bolsonaro, políticas de distanciamento são eficazes na contenção da disseminação da doença. Outra prática defendida por especialistas, o uso de máscara de proteção facial, também é frequentemente questionada pelo presidente.
Na segunda (1), secretários estaduais de Saúde divulgaram uma carta em que afirmam que o Brasil vive o “pior momento da crise sanitária” provocada pela Covid e pedem maior rigor em medidas para evitar um colapso em todo o país.
Entre as ações recomendadas, está a adoção de um toque de recolher nacional das 20h às 6h, a suspensão das aulas presenciais e um lockdown nas regiões “com ocupação de leitos acima de 85% e tendência de elevação de casos e mortes”.
O documento é assinado pelo Conass, conselho que reúne os 27 gestores da área.
Fonte: Folhapress