O MPF (Ministério Público Federal) no Rio de Janeiro intimou o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) a prestar depoimento na ação que investiga possíveis vazamentos da Polícia Federal na Operação Furna da Onça, realizada em 2018.
Como o filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) possui foro privilegiado por causa do cargo que ocupa no Senado, a intimação deverá ser encaminhada pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, a pedido do Núcleo de Controle Externo da Atividade Policial no Rio. A partir do recebimento, Flávio Bolsonaro terá 30 dias para marcar seu depoimento.
O caso apura declarações feitas pelo empresário Paulo Marinho. Em entrevista à Folha em maio, Marinho afirmou que o senador, na época deputado estadual, tinha conhecimento prévio da operação que investigava o esquema de rachadinhas na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), na qual foram reveladas movimentações financeiras atípicas do então assessor de Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz.
De acordo com o órgão, deverão ser ouvidas ainda mais duas testemunhas: os advogados Ralph Hage Vianna e Christiano F. Fragoso.
A denúncia de Paulo Marinho
Segundo o empresário, Flávio Bolsonaro teria sido avisado da existência da operação entre o primeiro e o segundo turnos das eleições de 2018 por um delegado da Polícia Federal que era simpatizante da candidatura de Jair Bolsonaro à presidência.
De acordo com o que Marinho relatou ao jornal Folha de S.Paulo, os policiais teriam segurado a operação, então sigilosa, para que ela não ocorresse no meio do segundo turno, evitando prejuízo à então candidatura de Bolsonaro.
A Operação Furna da Onça tornou público relatório do antigo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) que aponta movimentação atípica na conta de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio. O documento também apresenta indícios da prática de rachadinha no gabinete do filho mais velho de Jair Bolsonaro.
O delegado-informante teria aconselhado Flávio a demitir Queiroz e uma das filhas dele, Nathália Queiroz, que trabalhava no gabinete de Jair Bolsonaro, à época deputado federal, em Brasília.
“Ele [Flávio] comunicou ao pai [Jair Bolsonaro] o episódio e o pai pediu que demitisse o Queiroz naquele mesmo dia e a filha do Queiroz também. E assim foi feito”, revelou Marinho, à Folha.
Em nota na época da revelação, Flávio Bolsonaro disse que Marinho, ex-aliado da família Bolsonaro, se deixou tomar pela ambição e o acusou de querer sua vaga no Senado.
“O desespero de Paulo Marinho causa um pouco de pena. Preferiu virar as costas a quem lhe estendeu a mão. Trocou a família Bolsonaro por Doria e Witzel, parece ter sido tomado pela ambição. É fácil entender esse tipo de ataque ao lembrar que ele, Paulo Marinho, tem interesse em me prejudicar, já que seria meu substituto no Senado”, afirmou Flávio.
Fonte: UOL