Em meio à escalada de tensão diplomática entre Brasil e Estados Unidos, os presidentes do Senado Federal, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), declararam nesta quarta-feira (16) apoio à defesa da soberania brasileira diante do tarifaço anunciado pelo presidente norte-americano Donald Trump.
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A sobretaxa impõe uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados aos EUA a partir de 1º de agosto. A medida, vista como uma retaliação política ao presidente Lula (PT), motivou reunião emergencial entre os líderes do Congresso, o vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, e a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, em Brasília.
🗣️ “Agressão ao Brasil”
Em vídeo divulgado à imprensa, Alcolumbre classificou a decisão como “uma agressão ao Brasil e aos brasileiros” e reforçou o comprometimento do Legislativo em “defender empregos, empresários e a soberania nacional”. Ele elogiou o governo por ter empoderado Alckmin para liderar a articulação com o setor produtivo e internacional.
“Temos que ter firmeza, resiliência e tratar com serenidade essa reação. Buscar estreitar os laços e fazer as coisas acontecerem em defesa dos brasileiros”, declarou o senador.
Hugo Motta também afirmou que a Câmara dos Deputados está pronta para apoiar o Executivo nas medidas necessárias, mencionando a Lei da Reciprocidade, aprovada em abril, como uma das respostas institucionais já em curso.
“Não podemos permitir que decisões externas interfiram na nossa soberania. O Brasil hoje tem papel importante no cenário mundial e, com união e compromisso, iremos superar esse momento”, reforçou o deputado.
📊 Apoio popular e isolamento de Bolsonaro
Segundo pesquisa Genial/Quaest, também divulgada nesta quarta-feira (16), 72% dos brasileiros consideram errada a decisão de Trump de sobretaxar o Brasil por causa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Outros 53% afirmam que Lula está certo ao reagir com reciprocidade.
A postura firme dos líderes do Congresso sinaliza ainda mais o isolamento político de Bolsonaro e seus filhos, como Eduardo e Flávio Bolsonaro, que vinham pressionando por anistia aos golpistas do 8 de Janeiro como contrapartida para tentar reverter a sobretaxa. Governadores de direita, que inicialmente endossaram Trump, agora passaram a reconhecer os efeitos negativos da medida e buscam saídas diplomáticas.
🇺🇸 Trump cita Bolsonaro ao justificar tarifaço
A motivação do tarifaço norte-americano, segundo Trump, está ligada à situação judicial de Bolsonaro. Em uma publicação na plataforma Truth Social, o ex-presidente dos EUA afirmou: “Eu tenho assistido, assim como o mundo, enquanto eles não fazem nada além de persegui-lo. Ele não é culpado de nada, exceto por ter lutado pelo povo.”
O ex-presidente norte-americano também criticou duramente o Supremo Tribunal Federal (STF) e as investigações contra Bolsonaro, acusado de tentar um golpe de Estado.
🏛️ Reuniões e articulações em curso
Alckmin confirmou que o governo brasileiro mantém a avaliação de que houve “equívoco do poder americano”, uma decisão “inadequada e injusta”, especialmente diante do superávit que os EUA mantêm no comércio bilateral com o Brasil.
Na terça-feira (15), o Executivo iniciou rodadas de reuniões com representantes da indústria para discutir estratégias de reação. O comitê interministerial responsável pela resposta brasileira reúne os ministérios do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), da Fazenda, das Relações Exteriores e a Casa Civil.
“A primeira tarefa é conversar com o setor privado. Reuniremos os setores industriais mais ligados ao mercado americano”, explicou Alckmin.
📌 O Decreto que regulamenta a Lei da Reciprocidade foi assinado por Lula e será publicado no Diário Oficial da União desta quinta-feira (17). Ele estabelece procedimentos para que o Brasil possa retaliar medidas unilaterais de outros países.
🔚 Sem proposta de trégua
O governo brasileiro não pediu prorrogação do prazo para o início da tarifa nem apresentou proposta de alíquota alternativa. Alckmin revelou que uma proposta diplomática sigilosa foi feita há dois meses, mas não houve resposta dos EUA.
“Governo não pediu nenhuma prorrogação de prazo e não fez nenhuma proposta sobre alíquota”, declarou o vice-presidente.
Por Pedro Villela, de Brasília









