No dia seguinte às explosões em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Alexandre de Moraes, relator das investigações sobre os atos violentos de 8 de janeiro de 2023, classificou o episódio como “um dos mais graves atentados” contra o Judiciário brasileiro. Em pronunciamento, Moraes ressaltou a necessidade de enfrentar o extremismo que ameaça a estabilidade das instituições.
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“O que ocorreu ontem no STF não é um fato isolado. Queria Deus que fosse, mas está dentro de um contexto de ódio e ataques às instituições, especialmente ao STF e à autonomia do Judiciário, iniciado pelo chamado ‘gabinete do ódio’,” declarou o ministro. Ele ainda apontou o Ministério Público como parceiro essencial na manutenção da democracia e no combate ao radicalismo crescente no país.
Rejeição à anistia
Em seu pronunciamento, Moraes reiterou que não haverá anistia para os condenados pelos ataques ao STF, ao Congresso Nacional e ao Palácio do Planalto em janeiro. A ideia de anistia é defendida por alguns aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas o ministro se mostrou enfático ao descartar essa possibilidade.
“O criminoso anistiado é um criminoso impune, e a impunidade gera mais agressividade, como vimos ontem,” afirmou. Segundo Moraes, as investigações da Polícia Federal sobre os autores intelectuais do 8 de janeiro estão próximas da conclusão, mas o evento desta semana é um sinal de que a pacificação do país depende da responsabilização rigorosa de todos os envolvidos.
O ministro também alertou para o perigo do radicalismo político no Brasil, que, segundo ele, tem se intensificado sob o “falso manto” da liberdade de expressão. “Ofender, ameaçar e coagir não é liberdade de expressão. Isso é crime, e esse crime resultou, no 8 de janeiro, em um dos maiores atentados ao STF,” disse Moraes, reiterando a importância de defender a democracia e a legitimidade das instituições.
Explosões em Brasília
Na quarta-feira (13), duas explosões foram registradas em Brasília em um intervalo de menos de 30 segundos. A primeira explosão ocorreu em um carro estacionado no Anexo IV da Câmara dos Deputados, seguida por uma explosão em frente ao prédio do STF. O homem responsável, Francisco Wanderley Luiz, morreu ao detonar explosivos. Segundo informações da Polícia Civil, Francisco, conhecido como “Tiu França”, tentou entrar no STF antes das explosões e foi abordado por seguranças após lançar um artefato sob a marquise do tribunal. Ele exibia dispositivos presos ao corpo e acionou um explosivo posicionado na cabeça.
Francisco era proprietário do veículo utilizado no ataque e candidato a vereador pelo PL em Rio do Sul (SC) em 2020, sem sucesso. Ele mantinha uma presença ativa nas redes sociais, onde compartilhava conteúdos conspiratórios, anticomunistas e alinhados a teorias de extrema-direita, como o movimento QAnon. Nos dias que antecederam o atentado, Francisco postou mensagens ameaçadoras dirigidas à Polícia Federal e ao STF, mencionando explosivos e questionando a segurança das instituições.
Por Bruno Rakowsky