O Ministério Público Eleitoral (MPE) do Ceará solicitou a cassação do mandato do prefeito reeleito de Santa Quitéria, José Braga Barrozo (PSB), conhecido como Braguinha, e de seu vice, Francisco Gardel Mesquita Ribeiro (PSB), o Gardel Padeiro. Ambos são acusados de envolvimento com a facção criminosa Comando Vermelho, que teria atuado em favor de sua chapa, reeleita no primeiro turno de 2024 com 41,1% dos votos, contra 29,44% obtidos pelo opositor Tomás Figueiredo, nas eleições municipais de 2024.
Curta, siga e se inscreva nas nossas redes sociais:
Facebook | X | Instagram | YouTube | Bluesky
Sugira uma reportagem. Mande uma mensagem para o nosso WhatsApp.
Entre no canal do Revista Cariri no Telegram e veja as principais notícias do dia.
De acordo com o MPE, integrantes da facção teriam ameaçado e coagido eleitores do candidato de oposição, Tomás Figueiredo (MDB). As ações incluíram mensagens com ameaças de morte, ordens de expulsão da cidade e intimidações de incêndio em residências e veículos. Relatos apontam, ainda, que casas com símbolos de apoio a Tomás foram pichadas, e até o cartório eleitoral do município recebeu ameaças anônimas.
A denúncia também envolve Kylvia de Lima (PP), candidata a vereadora, por suposta colaboração no esquema. O MPE pede, além da cassação dos mandatos, a inelegibilidade dos envolvidos por oito anos.
As investigações indicam que o tráfico de drogas na região é liderado por Anastácio Paiva Pereira, conhecido como Doze ou Paizão, que teria autorizado as ações pró-Braguinha. Anastácio, atualmente foragido, teria enviado um coordenador identificado como “Rikelme Argentino” para comandar as operações em Santa Quitéria.
O órgão afirma que a relação entre Braguinha e o Comando Vermelho remonta às eleições de 2020, ressaltando que o mandato do prefeito seria útil aos interesses da organização criminosa.
Carro para traficante
Outro ponto destacado pelo MPE é a suposta entrega de um veículo Mitsubishi Eclipse Cross, avaliado em cerca de R$ 195 mil, ao traficante Anastácio. A operação teria sido conduzida por dois servidores da prefeitura, que viajaram ao Rio de Janeiro em julho de 2024. O carro foi encontrado em uma residência de Anastácio durante uma operação da polícia civil do Rio de Janeiro.
Defesa dos acusados
Em nota, o prefeito e o vice-prefeito negaram as acusações, alegando que se tratam de manobras de adversários políticos inconformados com o resultado das eleições. Braguinha também afirmou desconhecer a viagem dos servidores, que foram exonerados em dezembro.
Leia a nota na íntegra:
“Desde o início do mandato, nossa gestão tem sido pautada pela transparência, responsabilidade e compromisso com o bem-estar da população. Rejeitamos com veemência qualquer tentativa de associação de Braguinha e Gardel a práticas ilícitas.
O prefeito José Braga Barrozo não foi notificado e não há decisão judicial sobre o caso. Qualquer afirmação sem o devido esclarecimento do processo legal é precipitada e não condiz com a verdade.
O prefeito também não teve conhecimento prévio, tampouco autorizou a viagem mencionada na matéria, e nunca obteve qualquer benefício relacionado ao caso. Assim que os fatos foram comunicados, as providências cabíveis foram tomadas, incluindo a exoneração dos servidores mencionados, conforme publicação no Diário Oficial do Município (edição 0850, de 20/12/2024).
Destacamos que toda essa discussão na mídia reflete ações orquestradas por grupos que não aceitaram sua derrota nas últimas eleições. Alegações semelhantes têm sido apresentadas desde 2020, sempre sem qualquer comprovação. Reafirmamos nossa confiança na justiça e na rápida elucidação dos fatos, o que certamente evidenciará a integridade de nossa gestão.
A reeleição do prefeito José Braga Barrozo foi legítima e democrática, com ampla participação popular e sob a segurança garantida pelas forças de segurança. O resultado das urnas refletiu, de forma incontestável, a vontade da maioria dos cidadãos de Santa Quitéria.
Seguimos firmes no compromisso com a verdade, com a justiça e, acima de tudo, com o povo que representamos. Continuaremos à disposição para colaborar com as investigações e assegurar o pleno esclarecimento deste caso.”
Por Nicolas Uchoa