Em coletiva de imprensa no Ceará neste sábado (21), o ex-presidente Lula (PT) rebateu as críticas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao governador Camilo Santana (PT) em relação às medidas de isolamento social adotadas pelo Governo do Estado durante as fases mais agudas da pandemia.
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Em visita a Juazeiro do Norte no último dia 13, Bolsonaro havia dito que as determinações sanitárias do governador foram “ato criminoso” contra a economia do Estado.
Para Lula, as decisões de Camilo para conter a propagação do coronavírus foram atos de coragem. “O Camilo teve muita coragem de fazer o lockdown, quando disse o que ia e o que não ia funcionar. Ele mostrou que o objetivo do governo era salvar vidas. Essa seriedade fez com que o Ceará evitasse muitas mortes”, pontuou o ex-presidente.
Na visão de Lula, a maioria dos óbitos decorrentes de Covid-19 no Brasil foram causadas pela ‘irresponsabilidade’ de Bolsonaro, que, segundo ele, age na contramão da ciência e minimiza, desde de o começo da pandemia, o potencial devastador da doença.
“Não é brincadeira morrer mais de 600 mil pessoas no Brasil. É muita gente morrendo e uma parte dessas mortes foi por irresponsabilidade do chefe do governo, que não soube lidar com as coisas mais simples, como ouvir os governadores, os cientistas e comprar vacinas”, criticou o ex-presidente.
Ainda na coletiva, Lula afirmou que o Governo Federal está ‘desmontando’ as principais conquistas do País nos últimos anos nas áreas da Educação e Cultura. “Nós precisamos retomar a educação e retomar os investimentos em cultura. O orçamento da cultura que era de R$ 2 bilhões, hoje é de R$ 23 milhões. Não dá pra fazer cultura sem fomento”, disse.
O ex-presidente também criticou o ministro da Educação, Milton Ribeiro, que nas últimas semanas deu declarações polêmicas sobre a inclusão de pessoas com deficiência na educação e chegou a dizer que defende a universidade “para poucos”.
“O ministro [da Educação] falou duas bobagens esses dias, principalmente contra as crianças deficientes. É uma falta de respeito, uma coisa descabida. Não sei como chegamos a esse ponto. Falar que a universidade é pra poucos (…) é não saber o quanto a educação muda um País. Eu, como o presidente que mais construiu universidades na história do Brasil, sei o que isso representa”, declarou Lula.
Sobre as eleições de 2022, o ex-presidente disse que ainda é muito cedo para falar na disputa. “Se eu não for candidato, serei um cabo eleitoral para ajudar todas as pessoas que gosto a se elegerem. Somente com gente boa, vamos recuperar o País. Menos ódio, menos mentira, mais governo”, afirmou.
Em relação ao posicionamento do PT no cenário eleitoral do Ceará, o ex-presidente evitou críticas ao PDT, de Ciro Gomes, e disse estar aberto ao diálogo com todas as forças políticas do Estado.
“Aqui no Ceará nós temos uma tradição política muito forte. Obviamente, vamos discutir com todas as forças antes de tomar qualquer decisão. Ainda nem perguntei a Camilo o que ele quer ser [risos]. Ele tá com cara de senador, mas não sei se ele quer ser senador, porque ele tem o compromisso de governar o estado até 31 de dezembro de 2022. Mas, de qualquer modo, ele tem uma vice (Izolda Cela) de confiança, e nem todos os governadores têm isso. Vamos esperar o momento certo para tomar as decisões”, afirmou.
Encontro com movimentos sociais e culturais
Antes da coletiva, Lula e Camilo visitaram o Complexo Portuário do Pecém, em São Gonçalo do Amarante, junto com lideranças do Partido dos Trabalhadores no Estado, como os deputados federais José Guimarães, Luizianne Lins e José Airton Cirilo, além do presidente estadual da sigla, Antônio Filho. A dirigente nacional do partido, Gleisi Hoffmann, também integrou a comitiva.
Ainda neste sábado, Lula participou de encontro com representantes de movimentos sociais e culturais de Fortaleza. Amanhã o ex-presidente reservará o dia para descansar e não tem compromissos agendados. Na segunda-feira, 23, quando o petista irá se reunir com prefeitos e lideranças do PT de vários municípios do Ceará.
Lula está na Capital Cearense desde a última sexta-feira (20). A visita faz parte da primeira viagem do petista ao Nordeste depois de deixar a prisão e obter de volta a elegibilidade, com a anulação das sentenças da justiça Federal de Curitiba pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Antes de desembarcar no Ceará, o ex-presidente já havia passado por Pernambuco, Piauí e Maranhão. Ele ainda deve visitar o Rio Grande do Norte, no dia 24, e encerra a agenda regional na Bahia, nos dias 25 e 26.
Fonte: O Povo