O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta terça-feira (13), que o governo vai lançar “um grande programa com obras de infraestrutura” em 2 de julho e fez um aceno para uma possível ampliação do programa Minha Casa Minha Vida para faixas de renda mais elevada da população.
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As declarações foram feitas durante entrevista à Empresa Brasil de Comunicação (EBC), emissora estatal, na primeira edição de evento batizado como “Conversa com o Presidente”, transmitido pelas redes sociais. Assista a íntegra:
No programa, Lula disse que pegou o país “destruído” pela gestão do antecessor Jair Bolsonaro (PL) e que os primeiros meses de seu novo governo buscaram repaginar políticas públicas já consagradas em seus mandatos anteriores. Agora, ele diz que se inicia uma nova etapa, com novas medidas.
“A gente resolveu recriar essas políticas públicas para, a partir de 2 de julho, lançar um grande programa de obras. Um grande programa para o desenvolvimento nacional, com obras de infraestrutura em todas as áreas”, disse.
O programa tem sido chamado por aliados de Lula como “Novo PAC”, em referência ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), criado em suas gestões anteriores. Na transmissão, o presidente não fez tal associação e não antecipou o nome do novo programa.
A expectativa é que seis áreas principais sejam contempladas pelos investimentos em obras de infraestrutura: transportes, infraestrutura urbana, equipamentos sociais, água, comunicações e energia.
O presidente disse que herdou 14 mil obras paralisadas no país, sendo 4 mil apenas na área da Educação, e que seu governo pretende retomá-las. Ele pediu “paciência” da população para a implementação de medidas prometidas durante a campanha eleitoral, mas se disse “extremamente satisfeito” com os seis primeiros meses de seu terceiro mandato à frente do Palácio do Planalto.
Já na área da habitação, o presidente indicou planos para ampliar a linha de atuação do programa ‘Minha Casa, Minha Vida’, com a possibilidade de atendimento de faixas de maior renda da população.
“Nós precisamos fazer não apenas o Minha Casa Minha Vida para as pessoas mais pobres. Precisamos fazer o Minha Casa Minha Vida para a classe média. O cara que ganha R$ 10 mil, R$ 12 mil, R$ 8 mil também quer ter uma casa. E ele quer ter uma casa melhor. Então, vamos ter que ter capacidade de fazer uma quantidade enorme de casa para essa gente”, disse.
“Vamos ter que pensar em todos os segmentos da sociedade para podermos fazer com que as pessoas se sintam contempladas pelo governo”, continuou.
Durante a conversa, Lula também exaltou a volta da política de valorização do salário mínimo, com a promessa de ajustes acima da inflação todos os anos para os vencimentos, e repetiu o objetivo de aumentar a faixa de isenção do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) para R$ 5 mil até o final de sua gestão − medida vista como desafiadora até mesmo por aliados.
“O povo brasileiro tem que ter um pouco de paciência, porque não vai ter fake news no nosso governo. Quando a gente resolveu aumentar o salário mínimo, a gente disse: vai aumentar um pouquinho agora, mas daqui para frente todo o ano o salário mínimo vai ter aumento real. Quando resolvemos aumentar a tabela do Imposto de Renda para R$ 2.640,00, é porque queremos chegar a R$ 5.000,00 no final do meu mandato sem pagar imposto de renda”, disse.
O mandatário também destacou medidas como o Desenrola − Programa Emergencial de Renegociação de Dívidas de Pessoas Físicas Inadimplentes, lançado pelo governo na semana passada em forma de Medida Provisória para desafogar dívidas de brasileiros com renda de até 2 salários mínimos. E o programa de desconto para compras de carros populares.
Sobre este último, mencionou estimativas da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), sem citar a instituição. Os cálculos das montadoras indicam que a política deve durar apenas um mês, e não os quatro previstos pelo governo, em razão do volume de recursos destinados ser menor do que o inicialmente esperado.
“Então veja, reduzimos um pouco o preço do carro. Você viu, eu estava vendo uma notícia hoje que, já vai durar um mês e vai acabar o programa”, disse na entrevista conduzida pelo jornalista Marcos Uchôa.
Questionado sobre indicadores econômicos que superaram as expectativas do mercado recentemente, Lula repetiu discurso adotado nas últimas eleições em defesa do que entende como credibilidade, estabilidade e previsibilidade.
“A credibilidade o governo tem que ter junto à sociedade. Ou seja, quando o governo falar alguma coisa, o empresariado tem que acreditar, o povo tem que acreditar, e ela tem que acontecer”, afirmou.
“A estabilidade é a estabilidade política, social. Porque sem ela, a gente não consegue governar. Se você não tiver segurança jurídica e não tiver segurança social de que as pessoas estão tranquilas acreditando, as coisas não dão certo”, pontuou.
“A outra é previsibilidade. Ou seja, é muito importante que a gente tenha consciência [de] que o trabalhador tem que ter uma previsibilidade do que vai acontecer com ele o ano inteiro, se ele vai ficar empregado ou desempregado, se vai melhorar suas condições de trabalho. E o empresário tem que ter essa previsibilidade para saber se vai mudar a regra do jogo ou ela vai continuar do jeito que está. Se a gente garantir isso, está resolvido o problema”, prosseguiu.
Na conversa, Lula também disse que o mandato de quatro anos é “muito curto” e que tem cobrado pressa de seus ministros na execução de programas. “Não há tempo a perder. Não há tempo para conversa fiada”, disse. “Quando você governa, você não acha, não pensa, não acredita. Você faz ou não faz. E nós temos que fazer. O tempo do ‘acho’ era o tempo da eleição. Agora é fazer”.
Fonte: InfoMoney