Após adotar como primeira decisão de sua gestão ato que retirou adversários do comando da Câmara e rebaixou o cargo do PT, o novo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), tenta nesta terça-feira (2) fechar um acordo com a oposição.
Seu grupo de aliados ofereceu aos partidos que formaram o bloco derrotado de Baleia Rossi (MDB-SP) 2 dos 6 cargos na Mesa Diretora — o colegiado que forma a cúpula da Casa e, juntamente com o presidente, é responsável por todas as decisões administrativas, e algumas políticas, da Câmara.
Após ser eleito em primeiro turno com 302 votos, Lira deixou de lado o discurso de conciliação e baixou na noite desta segunda ato excluindo praticamente todos os adversários dos cargos de comando.
Sob o argumento de que o PT perdeu por seis minutos o prazo para registrar no sistema eletrônico sua adesão ao bloco de Baleia Rossi, o novo presidente rebaixou o partido do terceiro posto mais importante da Mesa, a primeira-secretaria, para o último, a quarta-secretaria. Já PSDB e Rede, que também integravam bloco adversário a Lira, perdem os postos a que teriam direito (segunda e quarta secretarias).
A cúpula da Câmara é formada pela presidência, 1ª e 2ª vices-presidências, 1ª, 2ª, 3ª e 4ª secretarias. Esses cargos são distribuídos proporcionalmente ao tamanho dos blocos formados para a disputa da presidência.
Enquanto Lira comemorava sua vitória com aliados em uma festa, no Lago Sul de Brasília, a oposição e integrantes do bloco de Baleia se reuniram até a madrugada desta terça, falaram em golpe e prometeram recorrer ao Supremo Tribunal Federal.
Pela tentativa de acordo costurada na manhã desta terça, o PT poderia ficar com o quarto cargo mais importante, em vez do sexto (sua adesão ao bloco de Baleia Rossi lhe dava direito ao terceiro posto mais importante), além de uma vaga a mais para algum adversário de Lira, possivelmente o PSDB.
Os demais quatro cargos ficariam, todos, com aliados de Lira —PL, PSL, Republicanos e PSD.
Reunidos na manhã e início da tarde, porém, oposição e aliados de Baleia manifestaram intenção de rejeitar a proposta e, na reunião de líderes partidários com Lira, às 14h, defender o adiamento da sessão que definirá os demais cargos da Mesa, marcado para às 18h desta terça.
A oposição mantém a promessa de ingressar no Supremo Tribunal Federal contra a decisão de Lira e, se não houver recuo mais substantivo do deputado, promover a chamada obstrução das votações, que é recorrer a mecanismos previstos no regimento que acabam atrasando ou até inviabilizando as sessões.
Nos bastidores, aliados de Baleia aconselharam Lira a buscar o acordo sob o argumento de que a canetada dada na noite de segunda foi um ato de excessivo autoritarismo e pode dificultar em muito sua presidência.
Embora os 211 deputados que não votaram nele sejam minoria, são em número suficiente para dificultar bastante votações e demais andamentos da Câmara.
Fonte: Folhapress