Ex-membro dos Titãs, o cantor e compositor Arnaldo Antunes divulgou hoje um vídeo no Instagram em que diz estar “acionamento judicialmente” os responsáveis por utilizar uma música da banda para convocar a população para um ato contra o Congresso Nacional.
Trata-se da música “O Pulso”, gravada pelos Titãs para o álbum “Õ Blésq Blom”, de 1989. A canção é a trilha sonora de um vídeo compartilhado por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), como Olavo de Carvalho, em favor de um protesto marcado para o dia 15 de março.
“Peste bubônica, câncer, pneumonia”, começa a música enquanto o vídeo exibe imagens de ministros do STF e de políticos tradicionais. Quando a letra fala em “leucemia”, a imagem é da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que no passado tratou um câncer linfático.
“Dia 15/03 – O dia do foda-se”, escreveu Olavo na publicação. O palavrão se refere a uma frase do general e ministro Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), que pediu para Bolsonaro “convocar o povo às ruas”.
“Não podemos aceitar esses caras chantageando a gente. Foda-se”, afirmou Heleno na semana passada ao ministro da Economia, Paulo Guedes, em um áudio captado durante uma live, em que ele dizia não ser aceitável que o Congresso avance sobre os recursos do Executivo.
Em resposta, Antunes lamentou o fato de ter “interrompido” seu feriado de Carnaval “para gravar esse depoimento indignado”.
“Acabei de ver que a música ‘O Pulso’, de minha autoria com Marcelo Fromer e Tony Bellotto, […] foi usada em um post de Olavo de Carvalho e compartilhado por outros perfis da estrema direita para divulgar essa manifestação de 15 de março”, disse.
Nota de esclarecimento 342 Artes
Posted by Arnaldo Antunes on Tuesday, February 25, 2020
“É muito revoltante ver uma criação minha sendo usada contra todos os meus princípios. Eu queria dizer que já estamos acionando judicialmente, pedindo para que tirem do do ar essa informação e se responsabilize quem fez esse uso indevido.”
Arnaldo Antunes, músico
Antunes afirma que o uso da composição “é indevido, não autorizado e vai contra tudo o que eu prezo, defendo, acredito”. “Creio que as instituições, como o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal, preservam aquilo que nos resta de democracia e precisam ser defendidos.”
Tensão nos quartéis
O músico não é o único insatisfeito com o protesto. O general Carlos Alberto dos Santos Cruz, ex-ministro-chefe da Secretaria de Governo, abriu uma dissidência contra o general Augusto Heleno.
Ele declarou que “confundir o Exército com alguns assuntos temporários de governo, partidos políticos e pessoas é usar de má-fé, mentir, enganar a população”. Veja o tuíte do general:
IRRESPONSABILIDADE
Exército Brasileiro – instituição de Estado, defesa da pátria e garantia dos poderes constitucionais, da lei e da ordem. Confundir o Exército com alguns assuntos temporários de governo, partidos políticos e pessoas é usar de má fé, mentir, enganar a população. pic.twitter.com/C89Uvt8gU0— General Santos Cruz (@GenSantosCruz) February 24, 2020
Fonte: UOL