Governadores pediram na tarde desta sexta-feira (16) a “ajuda humanitária” da Organização das Nações Unidas (ONU) para a aquisição de vacinas contra Covid-19 e de remédios e sedativos que compõem o chamado kit intubação.
Organizados no Fórum dos Governadores, eles se reuniram por videoconferência com a secretária-geral adjunta da ONU, Amina Mohamed.
“São 11 estados em que pacientes estão internados e faltam analgésicos, sedativos, em alguns lugares oxigênio. Ou seja, há necessidade de a ONU dar essa ajuda humanitária nessa direção”, disse o governador Wellington Dias (PT), coordenador da temática de vacina no fórum.
Dias afirmou que os governadores tomaram a iniciativa de procurar a ajuda da ONU porque o governo federal não o fez. Segundo ele, a situação não é a ideal porque os estados não têm estrutura diplomática nem experiência nesse tipo de relação.
“Desde o começo, nós colocamos claramente: ‘Nós queremos o presidente da República, queremos o ministro da Saúde na coordenação nacional’. O que esperamos? O presidente da República fazer essa relação. Por que nós estamos indo à ONU? Porque o presidente da República, que era para ir, não foi. Nós estamos buscando”, afirmou o governador em entrevista coletiva após a reunião.
Na avaliação do governador piauiense, a falta de uma coordenação nacional atrapalhou o combate à pandemia. Mesmo assim, afirmou, os estados insistem na importância de o governo federal dirigir o enfrentamento à Covid-19 ainda que com atraso.
“A falta de uma coordenação nacional integrada é responsável por muitos dos resultados graves, [por] essa tragédia que aconteceu no Brasil”, declarou Wellington Dias.
Carta à ONU
Os governadores enviaram à secretária da ONU uma carta em que relacionam cinco pontos de combate à pandemia na visão do grupo, entre os quais uma estratégia de combate ao coronavírus com medidas restritivas e isolamento e com o aumento da vacinação por meio da ajuda internacional.
São os seguintes cinco pontos apresentados à ONU, segundo Wellington Dias:
• Que seja cumprido o cronograma do consórcio internacional Covax Facility;
• Que a ONU dialogue com a União Europeia, Índia e China para que o Brasil tenha prioridade na entrega de IFA;
• Que a ONU atue junto à AstraZeneca e ao Sinovac para antecipar a produção de IFA no Brasil;
• Que a ONU atue para que os Estados Unidos vendam ou emprestar as vacinas da AstraZeneca que os EUA têm estocadas;
• Que a ONU ajudasse o Brasil a obter medicamentos e sedativos utilizados para a sedação e intubação de pacientes.
Segundo Wellington Dias, a Organização Mundial da Saúde (OMS), que também participou da reunião, afirmou que será feita uma tentativa para antecipar a entrega de aproximadamente 4 milhões de doses da vacina AstraZeneca por meio do consórcio Covax Facility.
“Haverá um esforço para que uma entrega que estava prevista para maio possa ser antecipada para até o final do mês de abril — cerca de 4 milhões de doses. Vamos tratar com a própria Coreia, com a Índia, com a China, com outras regiões de produção que estão no compromisso de entrega para a OMS, para este esforço com o Brasil”, afirmou o governador.
Segundo Dias, os estados têm uma estratégia de conter o coronavírus com medidas restritivas, quarentena e isolamento de pessoas. “Mas há um fato concreto: o vírus se propagou fortemente no Brasil”, declarou.
Vacinas
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), disse na reunião que a suspensão temporária das patentes das vacinas contra Covid-19 deve ser uma discussão mundial frente à grande demanda pelos imunizantes.
“Vários organismos e países têm destacado que as cartas de direito do sistema ONU consagram a função social da propriedade e da propriedade intelectual. Talvez a temática da suspensão temporária de direitos de propriedade intelectual, a chamada quebra de patentes, seja um tema inevitável em nível global”, disse Dino.
Wellington Dias também afirmou que os governadores estão pedindo à Universidade de Oxford a autorização para a antecipação da produção do ingrediente farmacêutico ativo (IFA) pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
“Isso vai ser bom para o Brasil e para o mundo. Sensibilizar a ONU dessa ajuda humanitária que estamos pedindo ao mundo e aos EUA, que tem produção já realizada e que não está em uso e poderia ser utilizada para o Brasil e outros países com baixa vacinação”, afirmou o governador.
Fonte: G1