Apontada como uma das organizadoras dos atos terroristas contra os prédios dos Três Poderes e presa na semana passada, a extremista Ana Priscila Azevedo disse, em depoimento à Polícia Federal, que os golpistas tinham o plano de transferir o acampamento da frente do Quartel General do Exército para a Esplanada dos Ministérios, em Brasília. As informações são da colunista Bela Megale, de O Globo.
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Ana Priscila foi detida na terça-feira passada em Luziânia, no Distrito Federal, depois de aparecer em vídeos dentro do Congresso e do Palácio do Planalto celebrando as invasões dos prédios e rodeada de militares do Exército. No dia 5 de janeiro, a extremista fez convocações para as ações golpistas em uma live: “Vamos colapsar o sistema, nós vamos sitiar Brasília, nós vamos tomar o poder de assalto, o poder que nos pertence”.
A coluna teve acesso ao seu depoimento dado à PF. Ana Priscila afirmou que chegou a conversar com dois policiais militares do Distrito Federal sobre a possibilidade de instalar barracas na Esplanada dos Ministérios. Ela afirmou que um policial chamado Major Márcio e outro chamado Tenente Coronel Teixeira responderam que seria necessária uma autorização dos órgãos competentes para isso e que essa autorização não seria dada antes de segunda-feira.
Ana Priscila contou que a ideia passou a ser a transferência do acampamento do QG para o estacionamento próximo ao anexo do Ministério da Saúde. Ela afirmou ainda que chegou a alugar um carro para fazer a locomoção entre o acampamento do QG do Exército e o novo acampamento. Segundo Priscila, a ideia inicial era instalar uma “estrutura de acampamento” para, posteriormente, levar as barracas. A extremista diz que usou seu cartão de crédito para pagar o aluguel do carro.
A extremista evitou apontar financiadores e disse que não havia doadores para custear o novo acampamento que seria levantado na Esplanada. Ela aponta que os mantimentos usados nos acampamentos golpistas costumavam ser doados por empresários e comerciantes da região, mas não citou nomes. Contou que ficou 11 dias no acampamento em frente ao Comando Militar do Sudeste, localizado em São Paulo. Sobre o acampamento de Brasília, disse que esteve lá no dia 5 de janeiro, por cerca de três horas.
À PF, a extremista relatou que os golpistas que estavam instalados no QG decidiram fazer uma marcha em direção à Esplanada antes de instalar o novo acampamento. Ana Priscila aponta que um homem chamado de “Abidala” seria uma liderança da marcha que culminou na depredação dos prédios dos Três Poderes. Ela afirma, no entanto, que essa pessoa não seria a líder do acampamento do QG e nem aponta outros indivíduos.
A golpista disse que se juntou às pessoas na altura da rodoviária e que o grupo não rompeu nenhuma barreira policial, passando pela revista da PM do Distrito Federal. Perguntada se presenciou incentivo de membros da polícia ou Forças Armadas ao ato golpista, disse que chamou sua atenção que, em situações anteriores, havia mais policiamento.
Em vídeo, porém, Ana Priscila descreve o clima no domingo, dia 8, como “pacífico e apaziguador” ao convocar os golpistas a irem para a Esplanada. Ao afirmar que “a Polícia Militar está completamente do nosso lado”, cita os nomes de “major Flávio” e do “tenente coronel Teixeira” que estavam atuando na Esplanada.
A extremista evitou apontar culpados e disse aos investigadores que não reconhecia nenhum dos vândalos, apesar de pessoas ao seu redor celebrarem os atos de vandalismo e a chamarem pelo nome, conforme imagens já divulgadas. A mulher também tentou se eximir dos atos de vandalismo e afirmou que chegou ao local quando tudo estava destruído. Ela não justificou o motivo que a fez entrar nos prédios dos Três Poderes e se limitou a dizer que seguiu todos naquele momento. Falou ainda que decidiu se esconder com outros participantes dos atos golpistas depois de ver que as pessoas estavam sendo presas.
Ana Priscila relatou que entrou nos prédios com três homens, chamados de “Adriano”, “Fernando” e “Ventura”. Também afirmou que se escondeu na casa de um homem que conheceu naquele mesmo dia, chamado “Marinho Junio Miranda”, em Luziânia, onde foi presa pela PF.
Extremismo como meio de vida
Ana Priscila relatou que vive das contribuições que recebe como “ativista” e que tem renda mensal de aproximadamente R$ 5 mil. Ela já foi bancária e está desempregada desde 2013. À PF, contou que já recebeu recursos do Youtube, mas que seu canal foi derrubado.
Afirmou ainda que o dinheiro é repassado por pessoas que se identificam com a sua causa, que seria um movimento iniciado em 1964, ano que se instalou a ditadura militar no Brasil. Disse ainda que, em 2018, foi filiada ao PRTB.