O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM) afirmou hoje em São Paulo que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) está “mais conciliador” na reta final de seu primeiro ano de mandato e que o ex-presidente Michel Temer (MDB) “operou” a derrubada de Dilma Rousseff (PT) da Presidência da República. As declarações ocorreram em evento da revista Piauí em uma universidade.
“É obvio que o Michel Temer operou o processo de impeachment da Dilma”, afirmou Maia quando questionado sobre o papel do então vice-presidente no processo de impeachment. “Mas a Dilma ia cair de qual jeito”, afirmou.
Maia tocou no assunto ao se defender da acusação de que foi “covarde” ao não trabalhar pelo impeachment de Temer quando este assumiu presidência. “Não tive medo nenhum, ao contrário. Nove em cada 10 políticos comandariam o impeachment, mas fiz o contrario. As ambições pessoais não podem estar acima do cargo.”
Maia aproveitou para elogiar o governo Temer, que “teve sorte por ter tido bons ministros, que ninguém dava nada por eles”. “O governo do Michel fez muita coisa organizada, inclusive a agenda de reformas de Bolsonaro.”
Sobre o atual presidente, Maia comentou a disputa de poder entre os dois. Disse que Bolsonaro começou seu mandato “radicalizado” porque estaria “estimulado pelo núcleo de rede social, indo para o confronto”. Sua decisão, disse, foi derrubar algumas medidas do presidente porque “ele tinha na cabeça que podia governar por decreto”.
“Fomos gerando os limites? Nos últimos meses, o presidente vem fazendo um discurso mais conciliador. Ele viu que em uma democracia ele não consegue governar sozinho. precisa do Supremo, Congresso e instituições.”
Ministro indiciado
Maia evitou criticar a decisão de Bolsonaro de manter no cargo o ministro Marcelo Álvaro Antônio (Turismo), indiciado pela Polícia Federal por suposto envolvimento no caso dos laranjas do PSL. “A decisão de ficar no governo é dele ou do próprio presidente (?) Talvez o presidente esteja esperando a Justiça acatar ou não a denuncia para tomar uma decisão.”
Ele disse, no entanto, que a lei que obriga a destinação de 30% dos recursos de campanha para candidaturas de mulheres “ainda vai dar muito problema em muitos partidos”. “Não é fácil conseguir candidaturas de mulheres com voto. No Rio, eu concentrei os recursos em uma candidata à reeleição.”
Fonte: UOL