Sem máscara, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) participou hoje de um passeio com motociclistas no Rio que terminou com um discurso em que atacou governadores e prefeitos que decretaram restrições devido à pandemia do novo coronavírus.
Segundo ele, as restrições são adotadas “sem qualquer comprovação científica”, na contramão do que dizem epidemiologistas, que recomendam medidas de distanciamento social. Ele não fez menção à compra de mais vacinas e insumos contra a doença pelo governo federal.
O ato percorreu da zona oeste até o Aterro do Flamengo, na zona sul da cidade, onde o presidente encontrou com o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, que também não vestia máscara.
Pazuello elogiado
Pazuello depôs por dois dias na CPI da Covid, no Senado, durante a semana, na qual disse apoiar o uso de máscaras. O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito, o senador Omar Aziz (PSD-AM), disse ontem que o pedido de reconvocação do ex-ministro será votado novamente na quarta-feira (26) pela CPI.
Ao subir no carro de som, Pazuello foi elogiado por Bolsonaro. “Esse é o gordo do bem. É o gordo paraquedista. O nosso ministro conduziu com muita responsabilidade”, disse.
Em seu discurso, Bolsonaro voltou a fazer ameaças em meio a gritos de “Eu Autorizo” de apoiadores. A frase se tornou uma constante em atos pró-Bolsonaro depois que o presidente falou em agir contra medidas de restrição determinadas por governadores e prefeitos para o controle da pandemia.
“Estamos prontos, se preciso for, para tomar todas as medidas necessárias para garantir a liberdade de vocês. Temos o sagrado direito de ir e vir. Temos o direito de trabalhar, temos o direito de professar a nossa fé, de ir às igrejas e nos encontrar com Deus”, disse, depois de dizer que governadores e prefeitos decretaram lockdowns e confinamentos “sem qualquer comprovação científica”. Na verdade, epidemiologistas recomendam medidas de distanciamento social contra a disseminação do novo coronavírus, o que é ignorado por Bolsonaro.
Apesar de falar que não se tratava de uma ameaça, o presidente disse que a manifestação a seu favor traz “autoridade para agir”, mais uma vez sem ser claro sobre quais medidas poderia tomar. No começo do mês, Bolsonaro ameaçou editar um decreto contra medidas de restrição de governadores, mas até o momento nenhuma movimentação neste sentido foi feita pelo governo.
“Não é ameaça, jamais ameaçarei qualquer poder. Mas acima de nós de qualquer poder há o primeiríssimo poder, que é o o do povo brasileiro”, disse, antes de fazer um aceno aos gritos de “Eu Autorizo”. “Isso nos traz autoridade para agir em nome de vocês”, disse.
Fonte: UOL