O Partido Liberal confirmou a filiação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O governante bateu o martelo depois de um almoço com o chefe da sigla, Valdemar Costa Neto, na tarde de hoje, no Palácio do Planalto, em Brasília.
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A assinatura da ficha de filiação foi marcada para o dia 22 de novembro, em um “evento político” que será organizado pelo PL na capital federal.
Costa Neto deve se pronunciar ainda hoje sobre a recepção ao presidente da República.
Bolsonaro está sem partido desde novembro de 2019, quando se desvinculou do PSL, legenda pela qual foi eleito chefe do Executivo federal.
Desde então, o presidente negociou com partidos de centro-direita, como Republicanos, Patriota e Progressistas. Nas últimas semanas, o diálogo com o PL avançou a partir do contato direto entre Bolsonaro e Costa Neto.
O desfecho, no entanto, dependia da disposição do partido para ceder ao grupo político de Bolsonaro indicações de candidatos em São Paulo no ano que vem (governo do estado e Legislativo federal).
Durante o almoço de hoje, as pendências foram solucionadas, e Bolsonaro então “bateu o martelo”, segundo relatos de interlocutores próximos ao governante.
Um deputado do PL afirmou hoje ao UOL que o acordo foi “bom para os dois lados”. Para Bolsonaro, porque proporciona um ambiente favorável à construção de uma ampla aliança com o centrão, com foco na reeleição; e para o partido, pois receberá o presidente da República e dezenas de parlamentares fiéis ao seu ideário.
Há expectativa por parte do PL de se tornar, após as eleições do ano que vem, a maior bancada na Câmara dos Deputados.
Desde que deixou o PSL, em 2019, após desentendimentos com a cúpula da sigla, Bolsonaro tentou criar o Aliança Pelo Brasil, mas o projeto acabou não saindo do papel.
Bolsonaro também chegou a discutir seu retorno ao Progressistas (PP), partido do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, pelo qual Bolsonaro foi deputado de 2005 a 2016.
Valdemar Costa Neto
Ex-deputado condenado no escândalo do mensalão, o líder do PL foi criticado mais de uma vez pelo próprio Bolsonaro e por seus filhos no passado. Em 2018, quando negociava quem seria seu vice, criticou o cacique liberal. “O Valdemar Costa Neto já foi condenado no Mensalão, está citado, citado não, está bastante avançada a citação dele no tocante à Lava Jato.”
Além da condenação a 7 anos e 10 meses no escândalo do Mensalão (por corrupção passiva e lavagem de dinheiro), Costa Neto foi citado na Operação Porto Seguro, em 2013, que investigou esquema de fraudes em pareceres técnicos, e na Lava Jato, por suspeita de receber R$ 500 mil para manter esquema da construtora UTC com o Ministério dos Transportes.
Na segunda-feira, Carlos Bolsonaro apagou um post no Twitter de três anos atrás em que ressaltava uma reportagem sobre pagamentos de propinas ao então PR (Partido da República), como se chamava o partido na época, e a Costa Neto.
Partido Liberal
O atual PL é fruto da fusão do PR (Partido da República) com o antigo PL e o Prona (Partido de Reedificação da Ordem Nacional). A junção das legendas ocorreu em 2006 (naquele ano, o PL foi o partido com maior número de parlamentares com recomendação de cassação de mandato pela CPI dos Sanguessugas).
Com a junção dos partidos, sua direção optou por manter o nome de Partido da República. A volta para PL foi possível em 2019, quando o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) permitiu a mudança.
Atualmente, o PL é o partido com a terceira maior bancada na Câmara dos Deputados (atrás do PSL e do PT) e um dos principais integrantes do centrão.
Fonte: UOL