Em meio à tragédia da Bahia e das críticas diante de sua ausência no atendimento direto às vítimas do estado, o presidente Jair Bolsonaro viajou nesta quinta-feira (30) ao município de Penha, litoral norte de Santa Catarina, para uma visita ao parque Beto Carrero World.
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Em mais um dia de ostentação de suas atividades de lazer, Bolsonaro saiu de carro do forte Marechal Luz, em São Francisco do Sul, onde está desde segunda-feira (27), e chegou ao parque temático por volta das 11h.
Em seguida, participou da apresentação chamada Hot Wheels – Epic Show, famosa pelas derrapagens. Vestido com o uniforme da Hot Wheels, o presidente dirigiu um dos veículos, fez manobras de drift e acenou para o público.
Ele estava sem capacete. Segundo assessoria do evento, os pilotos são obrigados a usar equipamentos de proteção, entre eles o capacete, devido às manobras serem perigosas e haver risco de acidentes. Bolsonaro ainda conversou com visitantes e almoçou no local.
Após almoço no restaurante Hot Wheels, o presidente seguiu, sem máscara, para um passeio de trem, às 13h30, acompanhado de seguranças. Na saída, foi recebido por apoiadores, aglomerados e sem máscara. Durante o passeio de trem, na ferrovia Dino Magic, Bolsonaro assistiu a uma apresentação de cowboy e a um espetáculo com dinossauros. Ele foi embora do parque às 14h.
Como mostrou a Folha, as recentes cenas dos momentos de folga de Bolsonaro no litoral catarinense, enquanto a Bahia enfrenta crise gerada pelas fortes chuvas, têm constrangido aliados e membros do governo federal.
Parlamentares da oposição ainda intensificam as críticas e cobram que o mandatário suspenda os dias de praia para liderar a ajuda diante da tragédia na Bahia.
Na última terça-feira (28), por exemplo, a hashtag #BolsonaroVagabundo entrou na lista de “assunto do momento” do Twitter.
Recente pesquisa do Datafolha mostrou que, para os brasileiros, Bolsonaro é o pior presidente da história do país. Ele é citado por 48% dos entrevistados, reflexo de sua queda de popularidade em razão da crise econômica e da má gestão da pandemia.
Em entrevista à Folha, o governador Rui Costa (PT) diz que o enfrentamento às chuvas que assolam a Bahia e já causaram ao menos 24 mortes é o maior desafio de sua gestão.
As enchentes destruíram estradas, inutilizaram estoques de medicamentos e vacinas e deixaram mais de 90 mil pessoas desabrigadas ou desalojadas.
Questionado se aguardava a visita do presidente, Costa respondeu que não tinha essa expectativa. “O presidente durante toda a sua gestão demonstrava desprezo em relação à vida humana (…) Ele não demonstra nenhum sentimento em relação à dor do próximo”, afirmou o governador.
Bolsonaro viajou a São Francisco do Sul na segunda-feira para passar o Réveillon com a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e a filha mais nova, Laura.
Desde que chegou ao local, Bolsonaro fez seguidos passeios de jet ski, provocou aglomerações na praia, visitou uma pizzaria e disse não ter nenhuma intenção de interromper a sua folga no litoral.
Em Santa Catarina, Bolsonaro tem promovido aglomerações apesar de ter tido contato com um deputado que foi diagnosticado com Covid nesta semana.
O deputado federal Coronel Armando (PSL-SC) diz que, assim que soube do resultado, na terça (28), informou a equipe médica do presidente, devido ao contato recente de ambos.
Ainda assim, Bolsonaro manteve atividades em contato com o público. Na maior parte do tempo, permaneceu sem máscara.
Reservadamente, auxiliares do presidente reconhecem que o ideal seria ele suspender a folga e viajar às áreas atingidas. Consideram, porém, difícil Bolsonaro dividir espaço com o governador petista da Bahia nas ações.
Bolsonaro teria sinalizado a aliados que pode ceder e ir ao estado, mas não foi assertivo nem confirmou uma data para antecipar o fim do descanso. Na segunda (27), afirmou que “espera não ter de retornar antes” do feriado de Réveillon no litoral catarinense.
Fonte: Folhapress