O presidente Jair Bolsonaro (PL) se envolveu nesta quinta-feira (18) em uma confusão com o youtuber Wilker Leão na saída do Palácio da Alvorada, em Brasília.
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As imagens foram registradas pela TV Globo. Gravando com o celular em meio a apoiadores do presidente, o youtuber questiona Bolsonaro sobre a sanção ao projeto que delimitou a delação premiada —ele é então jogado no chão, e seguranças tentam afastá-lo.
Na sequência, Wilker chama Bolsonaro de “tchutchuca do Centrão” e o xinga de “safado”, “covarde” e “vagabundo”. Ao se aproximar novamente, o chefe do Executivo agarra o youtuber pela camisa e pelo braço e tenta tirar o celular de sua mão.
Neste momento, integrantes da segurança do presidente afastam Wilker de Bolsonaro e de seus apoiadores. O chefe do Executivo pede para que não filmem o momento. “Filma não, filma não.” Veja o vídeo:
Assista ao momento em que Bolsonaro parte pra cima do youtuber de direita Wilker Leão, que o chamou de 'tchutchuca do Centrão' (? @g1) #RevistaCariri #JairBolsonaro #Bolsonaro #tchutchucaDoCentrao #Eleicoes2022 pic.twitter.com/EhI8UVjfKI
— RevistaCariri (@RevistaCariri) August 18, 2022
Enquanto o rapaz está afastado, o presidente fala com os apoiadores para não agirem contra ele, porque “isso vai continuar”. “É o direito dele, mas está sendo mal-educado”, afirmou.
Depois, Wilker volta, e os dois conversam, mais tranquilos —o presidente diz que ele pode filmar. Então, o youtuber o questiona sobre delação premiada, armas e emendas de relator. “Não posso ser um presidente 100%, vai desagradar um ou outro em alguma outra coisa, vai desagradar”, responde Bolsonaro.
O presidente se defendeu de sua aliança com o Centrão, criticada pelo youtuber. Ele disse que, para governar, precisa do apoio do grupo político, que agrega cerca de 300 dos 513 deputados federais.
“Todo partido tem pessoas que devem alguma coisa, ou acha que o PT não tem?”, questionou Bolsonaro.
Enquanto conversavam, apoiadores se queixavam do youtuber. Pediam que parasse, para que pudessem fazer selfies, e o chamavam de “inconveniente”. Logo depois, Bolsonaro encerra a conversa e vai embora.
Wilker já esteve no Palácio da Alvorada entre apoiadores do presidente há cerca de um mês. Na ocasião, fez um vídeo no qual questionava a reunião do chefe do Executivo com embaixadores para desacreditar as urnas eletrônicas.
Em seu canal do YouTube, ele se apresenta como advogado e cabo do Exército e diz tratar de “temas polêmicos e relevantes acerca do militarismo, do direito e da política”.
Procurado, o Exército informou que Leão não integra mais a tropa. Segundo a nota, o youtuber entrou na instituição em 1º de março de 2014 e saiu em 28 de fevereiro deste ano, quando se graduou como cabo e atingiu período máximo de permanência na força.
Pouco depois do episódio desta manhã com Bolsonaro, ele tinha cerca de 13 mil seguidores em seu canal. Por volta das 15h30, esse número chegava a 19,6 mil. Ele também publicou um vídeo do episódio com Bolsonaro em seu canal.
Em 2020, para evitar a abertura de um processo de impeachment, Bolsonaro intensificou a ampliação de sua base aliada por meio da antes contestada política do toma lá dá cá, com a entrega de cargos e recursos para parlamentares aliados do governo, em especial do chamado bloco do Centrão.
A Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba), por exemplo, é uma empresa estatal entregue por Bolsonaro ao controle desse grupo em troca de apoio político.
Ela foi turbinada às custas das emendas de relator, que favorecem parlamentares influentes do Centrão.
Impulsionada por verbas de emendas parlamentares, a Codevasf já firmou contratos para distribuição de quase R$ 600 milhões em máquinas, veículos e equipamentos desde 2021, mas sem critérios técnicos e para atender a vontade de deputados federais e senadores.
Às portas do período eleitoral e na esteira da explosão de gastos com emendas de relator, os valores com esse tipo de doação saltaram de R$ 178 milhões, em 2020, para R$ 487 milhões, em 2021, alta de 173%.
Só nos primeiros cinco meses de 2022, o montante chegou a R$ 100 milhões, segundo levantamento da Folha a partir de dados obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação.
A lista de bens distribuídos principalmente a aliados dos parlamentares padrinhos das emendas inclui até kits de panificação e freezers, além de barcos de alumínio, furgões, caminhões basculantes, caminhões de lixo, tratores, implementos agrícolas, motoniveladoras e retroescavadeiras.
Fonte: Folhapress