O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira que pode haver corrupção em seu governo devido ao grande número de obras em andamento no país. Apesar da aproximação com partidos do Centrão para conquistar apoio no Congresso, Bolsonaro negou a existência de indicações políticas em sua gestão. As declarações foram feitas a apoiadores durante viagem de férias do presidente a São Francisco do Sul, em Santa Catarina.
— Pode haver corrupção no governo? Pode. Você pega o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), por exemplo, é do Rogério Marinho, são 20 mil obras no Brasil — disse Bolsonaro.
Na conversa, o presidente tentou negar qualquer tipo de indicação política no governo. Recentemente, o então ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, foi demitido após acusar o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, responsável pela articulação política, de negociar cargos com o Centrão. Álvaro Antônio acabou substituído por Gilson Machado, que antes chefiava a Embratur.
— Não tem indicação política, né, pessoal. Vocês lembram no passado, toda semana tinha ‘caiu tal ministro, tal partido indicou o outro ministro’. Acabou isso aí, pô — declarou Bolsonaro nesta segunda.
Em seguida, o presidente insinuou que acabou com um esquema de corrupção na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) e que conquistou um inimigo por isso, sem citar nominalmente quem seria. Na semana passada, uma outra frase do presidente sobre a companhia gerou reação do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), desafeto de Bolsonaro.
— Vocês pensam quando acaba um ninho de rato, e tem bastante, eu arranjo uma porrada de inimigo. (Na) Ceagesp eram alguns milhões por mês que eram desviados. Alguém deixou de levar, em consequência virou inimigo meu — afirmou Bolsonaro.
Na mesma conversa com apoiadores, após alguns deles reclamarem de trechos de estradas da região, Bolsonaro ligou por videochamada para o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, que falou sobre a entrega de obras no Estado aos apoiadores do presidente.
O presidente não tem usado máscara de proteção nos compromissos. Ao falar com apoiadores, um deles colocou a máscara no queixo e recomendou que outros fizessem o mesmo porque “se não fica chato”. Diante da alta nos casos do novo coronavírus, quase todas as regiões catarinenses estão em situação gravíssima no contágio da doença.
Bolsonaro está desde o último sábado em São Francisco do Sul para alguns dias de folga e deve continuar na cidade até a próxima quarta-feira. O presidente está hospedado no Forte Marechal Luz. Nos últimos dias, ele tem mantido agenda privada.
Nesta segunda-feira, ele teve um jantar com o empresário Luciano Hang, dono da Havan. Nos outros dias, Bolsonaro tem sido acompanhado pelo secretário da Pesca, Jorge Seif Jr., e por um de seus filhos, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), em passeios para pesca e mergulho.
Fonte: O Globo