O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso enviou ontem à Procuradoria-Geral da República (PGR) um pedido de investigação sobre a live em que o presidente Jair Bolsonaro associou vacinas da Covid-19 ao risco de contrair Aids.
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A PGR deverá avaliar se há elementos para pedir uma abertura de inquérito para apurar o caso.
O ministro foi eleito relator de uma ação apresentada por parlamentares de PSOL e PDT após a associação sem respaldo científico proferida por Bolsonaro na quinta-feira passada.
Na ação enviada ao STF, os parlamentares afirmam que o fato de Bolsonaro disseminar mentiras sobre a vacinação é um “desrespeito” com as famílias que tiveram perdas de entes pela Covid-19. “O presidente da República mentir sobre a vacinação —utilizando um site de notícias falsas —além de um ato criminoso, é um absoluto desrespeito para com o país e com as famílias enlutadas”, escreveram.
Durante a live, Bolsonaro citou inexistentes “relatórios oficiais” no Reino Unido para afirmar que pessoas vacinadas têm mais facilidade para desenvolver a doença provocada pelo vírus HIV. Ontem, o Facebook e o Instagram retiraram o vídeo da transmissão do ar.
“Só vou dar notícia, não vou comentar. Já falei sobre isso no passado, apanhei muito… Vamos lá: relatórios oficiais do governo do Reino Unido sugerem que os totalmente vacinados… Quem são os totalmente vacinados? Aqueles que depois da segunda dose, né? Quinze dias depois, 15 dias após a segunda dose, totalmente vacinados… Estão desenvolvendo Síndrome da Imunodeficiência Adquirida [Aids] muito mais rápido do que o previsto. Portanto, leiam a matéria, não vou ler aqui porque posso ter problema com a minha live”, afirmou Bolsonaro durante a transmissão.
Governo do Reino Unido nega
Essas afirmações falsas são de sites que propagam teorias da conspiração e notícias falsas, informou o Departamento de Saúde e Assistência Social do Reino Unido. “As vacinas contra a Covid-19 não causam Aids. A Aids é causada pelo HIV”, reiterou a Agência de Segurança de Saúde do Reino Unido. A Sociedade Brasileira de Imunologia afirmou repudiar a afirmação falsa reproduzida por Bolsonaro.
“A SBI, entidade que congrega os principais imunologistas brasileiros e afiliada à International Union of Immunological Societies, baseada em evidências científicas, esclarece que nenhuma vacina desenvolvida contra a Covid-19 pode causar Aids e que também nenhuma vacina tem o potencial de transmitir o vírus do HIV”, disse.
Em nota, a Sociedade Brasileira de Infectologia informou que “não se conhece nenhuma relação entre qualquer vacina contra a Covid-19 e o desenvolvimento de síndrome da imunodeficiência adquirida”.
Fonte: UOL