Greta Thunberg, adolescente de 16 anos que foi o epicentro de uma paralisação global pelo clima, que aconteceu em 150 países incluindo o Brasil, foi eleita pela revista “Time” como a personalidade de 2019. A garota está na capa da publicação norte-americana, que já deu destaque a Barack Obama e Trump. Isso poucos dias depois de ter sido chamada de “pirralha” pelo presidente Jair Bolsonaro. Por conta de seus discursos incisivos, Greta já foi atacada também pelo atual presidente dos EUA e por Putin, chefe de governo da Rússia.
A sueca ficou conhecida por inspirar o “Fridays For Future” (Sextas-feiras pelo futuro) ao faltar na escola e sentar-se na porta do Parlamento da Suécia com um cartaz simples, pedindo medidas concretas para combater o aquecimento global, em 2018. A imagem da menina de trancinhas sentada solitariamente começou a rodar o mundo. De acordo com o “New York Magazine”, Greta era uma garota tímida e de poucos amigos que ficou profundamente chocada ao ver imagens das consequências do efeito que estudava em uma aula de geografia.
O manifesto silencioso inspirou inicialmente adolescentes da Suécia, que começaram a faltar às aulas para acompanhá-la. “Primeiro eu estava sozinha, mas comecei a publicar no Twitter e no Instagram e as pessoas começaram a me acompanhar”, disse ela para a rede “CNN”. O posto foi deixado por Greta após ela receber convites para falar com líderes mundiais como Obama, com quem fez uma foto em setembro deste ano. A repercussão a fez, ainda, ser indicada ao prêmio Nobel.
Além do ex-presidente norte-americano, a adolescente já discursou na Conferência do Clima da ONU, em dezembro, e no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, em janeiro. Neste evento, ela dividiu as atenções com o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (PSL). Em Davos, ela fez um dos 12 discursos de sua vida, o bastante para gerar uma coletânea chamada “Ninguém é jovem demais para fazer a diferença”, da editora Penguin Books.
Em setembro, ela atravessou o Atlântico em um veleiro, já que não viaja de avião por causa da emissão de carbono, para participar da conferência do clima em Nova York. Ao desembarcar na cidade, a ilha de Manhattan foi tomada por manifestantes. “Tudo isso é muito impressionante. Desculpe-me, o meu cérebro não está funcionando direito”, falou à imprensa.
Apesar de carismática, Greta não é muito fã de multidões. Quando criança, a adolescente foi diagnosticada com síndrome de Asperger, um tipo de autismo. Segundo ela, o diagnóstico é um trunfo a seu favor. “Isso significa que meu cérebro funciona de um jeito diferente. Eu vejo as coisas em preto e branco, com lógica. Se eu não fosse tão estranha, teria me distraído com o jogo social que as pessoas fazem. Sou o tipo de pessoa que não gosta quando alguém fala uma coisa e faz outra. E esse é o caso com as mudanças climáticas.”
No discurso no Fórum Econômico Mundial, Greta foi mais incisiva sobre qual é o seu papel no debate sobre mudanças climáticas. “Costumam dizer que jovens dão esperança. Não estou aqui para te deixar esperançoso, para te fazer entrar em pânico”, disse.
Fonte: UOL