Ao menos metade da população de coalas na Austrália que não sofrem doenças fatais e são essenciais para “assegurar” o futuro da espécie foram mortos depois que os incêndios devastaram a Ilha Canguro, uma espécie de santuário para os animais. As informações foram confirmadas neste domingo (5), por serviços de resgate da região.
Localizada em uma zona turística no litoral do estado de Australia del Sur, o lugar abriga inúmeras espécies nativas da região, dentre as quais destaca-se o coala, com população em torno de 50 mil animais. Na última semana, ecologistas da Universidade de Sidney já estimaram que pelo menos 480 milhões de animais foram mortos com os incêndios australianos, desde seu início em setembro do ano passado.
Nos últimos dias, as condições na Ilha Canguro pioraram, com um incêndio que destruiu cerca de 170 mil hectares nesta sexta (3), o equivalente a um terço da área total. “Mais de 50% (da população) desapareceu”, afirmou Sam Mitchell, do Parque Natural da Ilha Canguro, à AFP.
Mitchell faz parte da equipe que arrecada fundos para tratar os coalas sobreviventes que foram feridos pelos fogos. “As feridas são extremas. Muitos outros estão sem ter um habitat para onde ir, e dessa forma devem morrer de fome nas próximas semanas”, explicou.
Segundo um estudo publicado em junho pela Universidade de Adelaida, os coalas da Ilha Canguro são especialmente importantes para a sobrevivência da espécie em estado selvagem, já que este é o único grupo importante que não sofre de clamídia. A infecção bacteriana assintomática, que pode provocar cegueira, infertilidade e levar à morte, já dizimou milhares de espécimes no país ao longo dos últimos anos.
“Estes incêndios estão destruindo toda a população [de coalas]”, disse à AFP a cientista Jessica Fabijan, responsável por investigar os danos à espécie. Segundo ela, o fogo em regiões como Nova Gales do Sul e Gippsland, no estado de Victoria, também têm ferido outros animais, além dos coalas.
“Essa é uma das maiores tragédias para a população de coalas desde o final do século XIX, quando eles eram caçados por suas peles”, advertiu.
Fonte: Estadão Conteúdo