A administração de hidroxicloroquina em pacientes com quadro leve de Covid-19 não se mostrou eficaz em um estudo publicado nesta quinta-feira (16) pela revista “Annals of Internal Medicine”.
Cientistas da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, disseram não haver diferença significativa entre os pacientes tratados com o anti-malárico e os medicados com um placebo.
Participaram deste estudo randomizado, 491 voluntários não hospitalizados e com sintomas gripais. Eles foram divididos em dois grupos, os que receberam o medicamento e os que foram administrados com um placebo, este é o grupo controle – que garante a comparação.
• 24% dos voluntários que tomaram hidroxicloroquina seguiram com sintomas da doença por duas semanas.
• 30% dos voluntários do grupo controle também seguiram sintomáticos pelo mesmo período.
Segundo os cientistas, a diferença apresentada entre os dois grupos não foi “estatisticamente significativa”.
“A hidroxicloroquina não reduziu substancialmente a gravidade ou prevalência dos sintomas ao longo do tempo em pessoas não hospitalizadas com Covid-19 em fase inicial”, escreveram os pesquisadores.
Em um artigo, Neil Schluger, da Faculdade de Medicina de Nova York, escreveu que o estudo “fornece fortes evidências de que a hidroxicloroquina não oferece benefício em casos leves da doença”.
Por conta da escassez de testes no país, apenas 58% dos participantes foram examinados laboratorialmente para a doença.
Piora nos quadros
Na quarta-feira (15), outro estudo liderado pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, associou o uso da hidroxicloroquina com a piora do quadro e morte pela Covid-19 em 1,5 mil pacientes com a doença.
Os ensaios que testavam o medicamento contra a doença fazem parte do conjunto de ensaios clínicos “Recovery”, que analisa vários remédios para a Covid-19 em 11 mil pacientes britânicos. O braço com a hidroxicloroquina começou os testes no dia 25 de março, mas foi suspenso no início de junho, quando os cientistas anunciaram que não houve benefício no uso dele para a infecção.
Segundo o estudo, que ainda não passou por revisão de outros cientistas (a chamada “revisão por pares”), a hidroxicloroquina não reduziu a mortalidade e foi associada a períodos de internação mais longos e risco aumentado de morte ou necessidade de ventilação mecânica para o paciente.
“Embora preliminares, esses resultados indicam que a hidroxicloroquina não é um tratamento eficaz para pacientes hospitalizados com Covid-19”, dizem os cientistas de Oxford.
Eles destacam, ainda, que as estatísticas constatadas no estudo “descartam qualquer possibilidade razoável de benefício significativo de mortalidade” pelo uso do remédio.
Fonte: G1