Dois novos casos de pessoas que teriam sido reinfectadas pelo novo coronavírus foram revelados, reforçando o temor sobre o grau de imunidade que poderia ser estabelecido depois da contração da doença.
Nesta manhã, a televisão pública da Holanda NOS anunciou que uma pessoa no país e um caso na Bélgica teriam sido confirmados como sendo uma reinfecção pelo vírus que causa a covid-19. A notícia foi veiculada um dia depois que um estudo em Hong Kong apontou para a mesma conclusão no caso de um paciente. Ele voltou a ter a doença mais de quatro meses depois de ter se recuperado da primeira infecção.
De acordo com a emissora holandesa, o paciente envolvido é um idoso, com um sistema imunológico fraco. Uma conselheira do governo holandês, Marion Koopmans, admitiu que a volta das contaminações era algo possível. Para ela, a questão é a de saber com qual frequência isso poderia ocorrer.
Com 33 anos, o paciente de Hong Kong havia testado positivo em março e, em meados de abril, todos seus exames deram negativo. Mas, em 15 de agosto, ao retornar de uma viagem para a Espanha e Reino Unido, ele voltou a ter o vírus, ainda que de forma assintomática.
No caso belga, o paciente não teria desenvolvido anticorpos suficientes em sua primeira exposição ao vírus. A notícia foi considerada como preocupante pelos especialistas locais. Uma vez mais, a dúvida é se tal fenômeno é raro ou algo que poderia ocorrer de maneira generalizada.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) optou por não comentar os dois casos europeus. Mas indicou que os estudos realizados são “importantes” para elucidar a questão da imunidade criada pelo vírus.
Esperança é que vacina proporcione proteção mais forte, diz OMS
“Até agora, não estava claro se esses casos de reinfecção eram problema de testes ou algo parecido. Por isso, tais estudos são importantes”, disse a porta-voz da entidade, Margaret Harris.
A agência, porém, tenta colocar tais casos num contexto mais amplo. Segundo ela, mesmo se confirmados, esses dados representam um “número pequeno” de pacientes diante dos 23 milhões de infectados. “Os números são muito pequenos. Provavelmente veremos outros. Mas não parece ser algo regular”, disse.
Harris ainda destacou que tal imunidade não seria a mesma estabelecida com uma vacina. “Nossa esperança é de que seja mais forte”, disse.
Um dia antes, a diretora técnica da OMS, Maria Van Kerkhove, admitiu que o estudo de Hong Kong seria um caso provável de reinfecção. “É importante documentar e fazer o sequenciamento do genoma dos vírus, mas ainda não podemos tirar conclusões precipitadas”, disse.
“Sabemos que as pessoas produzem resposta imunológica, mas não sabemos ainda quanto tempo ela dura e nem quão forte ela é. Precisamos de estudos para entender como essa resposta funciona”, admitiu.
Fonte: Coluna Jamil Chade/UOL