O ano de 2024 foi oficialmente o mais quente desde o início dos registros em 1850, marcando a primeira vez que a Terra ultrapassou uma média anual de 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. A informação foi divulgada pelo centro europeu Copernicus, que monitora dados climáticos globais.
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De acordo com o relatório, a temperatura média global no ano passado foi de 15,10°C, representando um aumento de 1,6°C em relação à era pré-industrial. O valor superou a marca de 1,5°C por 11 meses consecutivos, um marco que reforça a emergência climática global.
Embora o limite de 1,5°C seja considerado crítico pelo Acordo de Paris, o centro europeu esclareceu que o cálculo do tratado considera uma média de 20 anos, o que significa que o limite oficial ainda não foi ultrapassado. No entanto, os dados de 2024 colocam o planeta sob níveis inéditos de calor.
Recordes globais
Todos os continentes registraram temperaturas recordes em 2024. O dia mais quente foi 22 de julho, quando a média global atingiu 17,16°C. Além disso, o relatório do Copernicus destacou os seguintes pontos:
• Cada um dos últimos 10 anos (2015-2024) está entre os mais quentes já registrados;
• Os meses de janeiro a junho de 2024 foram os mais quentes da história;
• A temperatura média anual da superfície dos oceanos atingiu 20,87°C, um aumento de 0,51°C em relação à média de 1991–2020;
• A quantidade de vapor de água na atmosfera aumentou 5% em comparação à média histórica, impulsionando eventos climáticos extremos.
Oceanos mais quentes e eventos extremos
O aquecimento recorde das águas oceânicas teve um papel central nos eventos climáticos extremos de 2024. Os oceanos, que geralmente absorvem o calor, registraram temperaturas acima da média em todas as regiões. Isso contribuiu para um aumento no volume de vapor de água na atmosfera, intensificando tanto as chuvas quanto as secas.
Casos como chuvas torrenciais no Rio Grande do Sul, ciclones nos Estados Unidos e secas históricas no Brasil foram diretamente associados às temperaturas oceânicas elevadas. “Esse fornecimento abundante de umidade ampliou o potencial para chuvas extremas e tempestades de grande escala, incluindo ciclones tropicais”, informou o relatório.
O Brasil enfrenta a pior seca de sua história, enquanto cidades como Los Angeles lidam com incêndios sem precedentes, mesmo em períodos fora de temporada. “O calor dos oceanos influencia tanto o aumento do volume de chuva quanto a modificação dos padrões climáticos, gerando secas prolongadas e condições que favorecem incêndios florestais”, explicou Pedro Camarinha, especialista em desastres.
Emissões de gases do efeito estufa aceleram
O aumento das temperaturas está diretamente relacionado às emissões de gases do efeito estufa, que atingiram níveis recordes em 2024. Segundo o Copernicus, as concentrações de dióxido de carbono aumentaram 2,9 ppm em relação a 2023, atingindo 422 ppm, o maior índice já registrado.
“Os nossos dados apontam claramente para um aumento global constante das emissões de gases de efeito estufa, que continuam sendo o principal agente das mudanças climáticas”, afirmou Laurence Rouil, diretor do Copernicus.
Por Fernando Átila