O vice-presidente do Barbalha, Roberto Antônio de Castro Macedo, denunciou o presidente do clube, Lucio Barão, ao Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol (TJDF-CE). A denúncia, feita por meio de notícia de infração, é referente a uma série de infrações cometidas pelo dirigente. O estopim para o processo foi a notícia de um suposto esquema de fraude em apostas esportivas, revelado pelo Fantástico, do qual a Raposa dos Verdes Canaviais teria participado.
Na denúncia, o vice do time caririense faz um pedido de suspensão preventiva de Lucio Barão, mas inicialmente o clube não deve sofrer sanções. O procurador-geral do Tribunal vai analisar a denúncia, que deve ser enviada ao presidente da Corte, responsável por abrir um inquérito ou arquivar a notícia de infração. Em meio à pandemia, o processo pode ser feito por videoconferência.
O Povo teve acesso ao processo, que contém várias acusações ao presidente da Raposa dos Verdes Canaviais. Lucio estaria recebendo valores da Federação Cearense de Futebol (FCF), mesmo havendo uma decisão judicial que o impede de receber tais valores. Além disso, o dirigente teria recebido R$ 300 mil na sua conta pessoal, referente à vende de um atleta ao Ceará, e não estaria prestando contas de forma correta acerca do dinheiro pago pela prefeitura de Barbalha.
Lucio Barão também não estaria prestando contas das receitas e despesas do clube desde o início de seu mandato, em 2017. Outras denúncias incluem falsificação de assinatura de rescisão de contrato, lavagem de dinheiro por meio de empresas “laranja”, tentativa de criar um novo conselho deliberativo para aprovar suas contas e, por fim, as acusações feitas pela reportagem do Fantástico.
Segundo o programa televisivo, um esquema de jogos fantasma foi arquitetado por uma equipe chamada Andraus, do Paraná. Os dirigentes do clube estariam marcando partidas que, mesmo não acontecendo de fato, movimentaram cifras milionárias em sites de aposta mundo afora. Um dos supostos “duelos” seria contra o Serrano-BA, marcado para 25 de março, quando o futebol já estava paralisado no Brasil. A reportagem estima que mais de R$ 10 milhões foram movimentados em apostas, chamando atenção de auditores.
Uma das equipes que tinha um amistoso marcado com o Andraus era o Barbalha. O jogo seria no dia 6 de abril, às 14 horas, com portões fechados. Ao contrário dos dirigentes de outros clubes, que negaram os acordos para realização dos jogos, Lucio Barão confirmou o convite do time paranaense, admitiu ter assinado um ofício e ainda afirmou que a partida seria disputada pelos atletas das categorias de base das duas equipes.
Se o Tribunal decretar a suspensão preventiva, cabe ao presidente da Corte nomear um dos oito auditores para ser o auditor processante do inquérito desportivo. Após a fase investigativa, o procurador-geral pode formular uma denúncia ao investigado, com base no que foi apurado.
A reportagem procurou Lucio Barão, que não tomou conhecimento da existência do processo: “Não tem nenhum processo, não fui indiciado de nada. Fui uma suposta vítima, que deu uma entrevista de 20 minutos ao Fantástico e (na matéria) eu só falei dez segundos”.
Em nota de repúdio, o dirigente afirmou que trabalha “incansavelmente pela entidade Barbalha Futebol Clube, buscando seu crescimento e engrandecimento, fato esse comprovado através dos números que consegui a frente do Barbalha. Não admito ser usado em uma situação que também fui vítima”. O presidente também deixa à disposição os seus sigilos telefônico e fiscal, afirmando que não tem nada a temer em relação aos fatos citados na matéria.
Fonte: O Povo