O cantor Raimundo Fagner relembrou, em entrevista ao G1, as parcerias e os momentos vividos ainda na infância com o cantor, compositor e violonista cearense Evaldo Gouveia, que morreu nesta sexta-feira (29), vítima de Covid-19. Quando criança, Fagner morava em frente à casa de Gouveia, na Avenida Floriano Peixoto, no Centro de Fortaleza.
“Foi uma relação intensa, tem muita história. Como eu era criança, o Fares [Lopes, irmão de Fagner] atravessava a rua, e eu ficava querendo ir, mas ficavam me segurando por causa dos carros. Evaldo sentado no muro e o Fares em pé cantando é a primeira imagem de música que eu tenho”, conta o músico. Evaldo foi afilhado do pai , a quem chamava de “Zé Feliz”.
A carreira musical de ambos também foi marcada por parcerias. Fagner chegou a gravar as composições de Evaldo “Sentimental Demais” e “Esquina do Brasil”, esta última ao lado do compositor cearense e arquiteto Fausto Nilo. “Nos apresentamos algumas vezes, uma em São Paulo, no começo de minha carreira, numa casa de show em que ele cantava, e outras duas ou três vezes em Fortaleza , especialmente no Theatro José de Alencar e outras no Cine São Luís e Ideal Clube”, rememora.
Fagner enaltece a importância da contribuição de Evaldo Gouveia para a música no país, afirmando que sua obra permanecerá marcante. “Uma grande perda pra música brasileira, mas sua obra será sempre lembrada pelos que conhecem seu rico repertório, especialmente as parcerias com Jair Amorim, pois Evaldo foi o primeiro hit maker do país, com um número de sucessos incontáveis que ficará para sempre nos corações do povo brasileiro”, diz.
Luto
O músico compositor, cantor e violonista cearense Evaldo Gouveia morreu aos 91 anos nesta sexta-feira (29), em Fortaleza, em decorrência da Covid-19. A informação foi confirmada pelo biógrafo do artista, Ulysses Gaspar. Autor de “Sentimental Demais” e do samba-enredo “O Mundo Melhor de Pixinguinha”, entre outras canções, Gouveia teve sua obra bastante interpretada e revisitada.
O repertório de Evaldo Gouveia foi impulsionado pelas vozes de cantores consagrados como Altemar Dutra, Nelson Gonçalves, Alaíde Costa e Maysa Monjardim. O cearense fez parte do lendário Trio Nagô, ao lado de Mário Alves e Epaminondas Souza.
O ápice da carreira do cantor, veio da relação com Altemar Dutra (1940-1983). O cearense levou Dutra às boates de Copacabana, no Rio de Janeiro (RJ), e o sucesso do cantor mineiro, interpretando as composições de Evaldo, levou ambos ao auge.
Fonte: G1 CE