O jornalista Alexandre Garcia foi demitido da CNN nesta sexta-feira (24). Mais cedo, ele havia sido desmentido no ar durante uma participação ao vivo, no quadro “Liberdade de Opinião”, por defender o tratamento precoce contra a Covid-19. Após a demissão, ele disse que vai seguir trabalhando no seu canal do YouTube.
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A emissora divulgou uma nota na noite de hoje deixando bem claro que a rescisão foi tomada especificamente pelas posições do comentarista no último ano, que vão contra a ciência.
Vale ressaltar que não há medicações com eficácia cientificamente comprovadas para estágios iniciais da Covid-19.
Segundo a CNN, o quadro da “Liberdade de Opinião” continuará dentro do jornal “Novo Dia”.
Veja o comunicado:
“A CNN Brasil comunica que rescindiu o contrato com o jornalista Alexandre Garcia nesta sexta-feira (24).
A decisão foi tomada após o comentarista reiterar a defesa do tratamento precoce contra a Covid-19 com o uso de medicamentos sem eficácia comprovada.
O quadro “Liberdade de Opinião” continuará na programação da emissora, dentro do jornal “Novo Dia”.
A CNN Brasil reforça seu compromisso com os fatos e a pluralidade de opiniões, pilares da democracia e do bom jornalismo.”
Defensor do tratamento precoce
A CNN voltou a desmentir uma fala do jornalista durante o programa “Novo Dia” de hoje.
Em sua participação no quadro “Liberdade de Opinião”, o comentarista falava sobre as denúncias contra a operadora de saúde Prevent Senior quando afirmou que os “remédios sem eficácia comprovada salvaram milhares de vidas.”
Vale lembrar que a empresa é alvo de investigações no MP, na Polícia Civil e na CPI da Covid por supostamente pressionar seus médicos conveniados a tratar pacientes com substâncias do “kit Covid”, como hidroxicloroquina, contraindicada para a Covid-19.
Os tais remédios sem eficácia comprovada salvaram milhares de vidas sendo aplicados imediatamente, mesmo antes do resultado do teste. É na fase 1, na fase 2 às vezes evitam hospitalizações. Na fase 1 sempre evitam hospitalizações, sempre evitam sofrimento. Na fase 3 são ineficazes, depois que a pessoa já está hospitalizada ou intubada. […] Essa questão de eficácia comprovada a gente só vai saber daqui uns três anos. Agora tudo é experimental. disse Alexandre Garcia
Ao final da participação do jornalista no quadro, a apresentadora Elisa Veeck desmentiu a fala de Garcia e reforçou que as opiniões dos comentaristas da CNN não refletem a posição da emissora.
Reitero sempre para vocês que nos acompanham que as opiniões emitidas pelos comentaristas do quadro não refletem necessariamente a posição da CNN. E mais um acréscimo aqui neste fim do quadro de hoje, a CNN ressalta que não existe um tratamento precoce comprovado cientificamente para prevenir a Covid-19. O que a ciência mostra é que a prevenção, com o uso de máscaras e a vacinação, são as únicas maneiras de combater a pandemia. afirmou
Polêmicas na CNN
Alexandre Garcia coleciona polêmicas na emissora. Recentemente, no “CNN Novo Dia”, ele foi desmentido ao vivo após afirmar que jovens “não precisariam tomar a vacina segundo as estatísticas.”
O comentarista também se desentendeu com Rafael Colombo ao dizer ironicamente que “não estava sendo entrevistado” ao ser contrariado pelo apresentador quando defendeu que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tinha “todo o direito” de lançar um decreto proibindo governadores e prefeitos de decretarem restrições para o controle de coronavírus.
Além disso, em 27 de julho do ano passado, primeiro dia do quadro, Garcia fez apologia do remédio cloroquina dizendo que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) “é a comprovação científica de que o uso da hidroxicloroquina dá certo”.
O que é o tratamento precoce
O CFM (Conselho Federal de Medicina) aprovou um parecer no ano passado dando autonomia aos médicos que queiram receitar as medicações, desde que os pacientes tenham ciência de possíveis efeitos colaterais. No entanto, o conselho não recomenda o suposto “tratamento precoce”.
A hidroxicloroquina, uma das medicações mais citadas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), é contraindicada em casos de Covid pela OMS (Organização Mundial da Saúde), pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e pela maioria dos fabricantes brasileiros.
Fonte: UOL