No último debate antes do segundo turno das eleições, os candidatos à Presidência da República Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acusaram um ao outro de mentiroso, subiram o tom das provocações e apresentaram poucas propostas para o futuro do país. O confronto aconteceu na noite desta sexta-feira (28), foi apresentado pelo jornalista William Bonner e transmitido pela TV Globo.
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Foi o mais tenso dos debates desta eleição. Os dois presidenciáveis discutiram sem a intervenção de jornalistas. Lula focou nos feitos de seus governos (2003-2010) e Bolsonaro, nos ataques ao adversário e a aliados do petista.
Pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira (27) mostrou Lula com 49% das intenções de voto e Bolsonaro com 44%. Outros 5% disseram que devem votar em branco ou nulo e 1% dos entrevistados se declararam indecisos. O levantamento tem margem de erro de dois pontos percentuais.
O segundo turno está marcado para este domingo (30).
Como foi o debate:
Mentiroso x Inepto
No primeiro bloco, com perguntas relacionadas a economia, Bolsonaro tentou colocar em Lula a pecha de mentiroso, enquanto o petista tentou imprimir a imagem do presidente como inepto.
“Ele tem que explicar, por que ele não aumentou o mínimo, ele tem que explicar por que não aumentou a merenda escolar, ele tem que explicar por que ele isolou o Brasil do mundo”, criticou o ex-presidente sobre o candidato à reeleição.
Em contrapartida, Bolsonaro acusou Lula de mentiroso em relação o plano Guedes, revelado pela Folha de S. Paulo. O jornal mostrou que a pasta da Economia previa apresentar um plano do salário mínimo e aposentadoria sem correção pela inflação passada.
“Você continua afirmando que vou acabar com o 13º, com a hora extra e também com as férias? Responda à pergunta”, pressionou o presidente.
Estratégias de debate
Diferentemente do debate da Band, Lula tentou driblar estratégias adotadas por Bolsonaro. Ao longo dos blocos, conseguiu administrar o tempo e sempre dar a palavra final. No primeiro confronto com o presidente após o primeiro turno, o petista se perdeu e Bolsonaro falou por quase cinco minutos sem interrupções.
Lula também evitou ficar próximo a Bolsonaro. No último debate, que estreou o modelo livre entre os dois, podendo andar por todo o perímetro do palco, Bolsonaro chegou a tocar no petista. O ex-presidente ia pegar uma água e ficou claramente constrangido com o ato do presidente.
Na Globo, foi acordado que contato físico seguia proibido, mas, mais baixo, Lula preferiu manter distância do adversário. “Fica aqui, rapaz”, disse Bolsonaro ao final do primeiro bloco, em um movimento parecido ao debate anterior. “Eu não quero ficar perto de você”, respondeu o petista, de longe, com o dedo em riste.
Trocando a pauta
Marcas de Bolsonaro, as pautas de costume foram puxadas dessa vez por Lula. Em um bloco com tema específico sobre “respeito à Constituição”, o petista relembrou um discurso do presidente que defendia “pílulas do aborto”, em 1992.
“Falou isso ou não?”, questionou Lula.
“Você é abortista. Pegou matéria de 30 anos atrás, nem lembro mais do que se tratava 30 anos atrás. Pega discurso da Câmara, já que é discurso, pega a fita e mostra. Lula, assuma que você é abortista, Lula, que não tem qualquer respeito com a vida humana”, respondeu Bolsonaro.
Lula, no entanto, se perdeu ao puxar o assunto e depois mudou o tema da discussão.
Direito de resposta até para Bonner
Antes de encerrar o primeiro bloco, o apresentador William Bonner pediu para fazer um esclarecimento por ter sido citado por Bolsonaro.
“Lula, você dizer que foi absolvido? Só se foi pelo Bonner. Se ele vai repetir aqui que você foi absolvido, acho que o Bonner vai ser indicado para um possível e hipotético governo teu para ser ministro do Supremo Tribunal Federal”, criticou o presidente.
Em resposta, Bonner confirmou que na sabatina de Lula ao Jornal Nacional informou que o petista não devia nada à Justiça. “Mas, como jornalista, eu não digo coisas da minha cabeça. Eu disse isso baseado em decisões fundamentadas do Supremo Tribunal Federal”, disse.
Auxiliares do presidente que acompanharam o debate da TV Globo reagiram com indignação ao fato de Bonner ter respondido às falas de Bolsonaro. Alguns deles reclamaram que o apresentador não deveria “ter direito de resposta”.
No ano passado, o STF considerou que o então juiz Sergio Moro (União Brasil) foi parcial e os processos de Lula foram anulados.
Mais direitos
Ainda no primeiro bloco, o ex-presidente recebeu o direito de resposta e usou o tempo para criticar seu adversário. “Imaginei que a gente poderia debater os temas de interesse nacional”, disse Lula.
No segundo bloco, o petista pediu nove direitos de resposta e recebeu apenas um. Já Bolsonaro pediu um e não conseguiu.
Provocação
Enquanto falavam sobre combate à pobreza, Lula apontou para a área de convidados de Bolsonaro dentro do estúdio e disse, em tom de ironia: “estão falando para você repetir, repete”.
No último debate, as instruções do vereador carioca Carlos Bolsonaro (PL), segundo filho do presidente, nos bastidores chamaram a atenção dos presentes ajudaram Bolsonaro. As dicas eram principalmente voltadas à postura do pai no palco.
Fonte: UOL