A permanência na escola durante dois turnos, característica do ensino em tempo integral, tem se mostrado muito mais do que uma mera expansão das horas passadas diariamente no ambiente escolar. Trata-se de uma oportunidade extra para aprofundar os conhecimentos e fortalecer a aprendizagem, em diversos aspectos. Não à toa, os melhores resultados cearenses no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2019 no Ensino Médio são de escolas com esta modalidade de ensino. Das 100 unidades melhor avaliadas em âmbito nacional, 21 são do Ceará. Destas, 20 ofertam o tempo integral.
O destaque foi para a Escola Estadual de Educação Profissional (EEEP) Adriano Nobre, localizada em Itapajé, que obteve o 4º lugar nacional e liderou a lista das cearenses. Silvandira Mesquita, diretora da unidade de ensino, aponta vários fatores para a obtenção do resultado, entre eles, o trabalho colaborativo.
“Desde a Seduc (Secretaria da Educação), passando pela Crede (Coordenadoria Regional de Desenvolvimento da Educação), até a escola, existe um trabalho integrado e muito coeso. Também contamos com famílias que acompanham verdadeiramente os estudos dos filhos. Os alunos acreditam na força dos professores e trazem consigo uma vontade de aprender sempre”, explica.
Silvandira também ressalta a influência do período prolongado na escola para o bom desempenho dos estudantes. “O tempo entre a base comum e a base diversificada é bem dividido. Os alunos permanecem juntos no mesmo grupo por todo o dia, o que facilita a manutenção do foco e cria um objetivo comum. Há uma colaboração mútua entre eles”, pontua.
A diretora destaca, ainda, a importância da parte transversal do currículo, com disciplinas como Projeto de Vida, Cidadania, Empreendedorismo e Mundo do Trabalho, que se somam às matérias vistas nas bases comum e técnica. “Essas disciplinas trabalham com valores, com a preparação qualitativa, que serão tão necessários ao longo da vida. O que há por trás das notas é a qualidade e isso influi nos resultados tão bons”, avalia.
O secretário executivo do Ensino Médio e Profissional, Rogers Mendes, acrescenta que o tempo integral permite que o projeto pedagógico voltado à equidade seja efetivado. “As atividades realizadas durante o tempo extra potencializam o desenvolvimento de habilidades mais complexas. Deste modo, os resultados de aprendizagem são melhor trabalhados. Com o tempo ampliado, a escola traz, além da composição clássica do currículo, algumas inovações que geram maior engajamento do estudante com o processo educativo”, argumenta.
Garantia de equidade
O Ideb 2019 revela que, considerando o nível socioeconômico dos municípios cearenses, as Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral conseguem atingir as melhores médias na rede pública estadual de ensino. O resultado é um importante indicador do sucesso da política de implementação do tempo integral para a melhoria da qualidade da aprendizagem dos estudantes cearenses.
Abrangência
O Governo do Ceará, por meio da Secretaria da Educação (Seduc), ampliou a oferta de tempo integral na rede pública estadual de ensino cearense em 2020, tendo lançado 25 novas unidades nesta modalidade no início do ano. Ao todo, são 277 escolas atendendo em jornada ampliada, o que representa 38% do total. Ao todo, são 155 Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral e 122 Escolas Estaduais de Educação Profissional (EEEP) distribuídas em todo o território cearense.
As EEMTIs concentram matrícula de 41 mil alunos em 71 municípios, localizadas em áreas consideradas mais vulneráveis socialmente. As EEEPs atendem mais de 50 mil alunos, em 98 municípios, ofertando 52 cursos profissionalizantes de forma articulada ao currículo base do Ensino Médio.