Os trabalhadores que têm dinheiro no FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) poderão usar até metade do valor para comprar ações da Eletrobras (ELET3). A decisão ocorre depois de a privatização da empresa receber sinal verde pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
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O processo vai acontecer por meio de oferta de ações ao mercado. A aquisição dos papéis será feita por fundos mútuos de privatização, mesma maneira usada para a venda de ações de outras estatais, como a Petrobras (PETR3/PETR4) em 2000 e Vale (VALE3) em 2002. Será que vale a pena usar seu FGTS para investir nisso? Embora atraente, o negócio não é recomendado para todo mundo. Veja abaixo o que dizem especialistas consultados.
Hoje o FGTS rende menos que a poupança. Por isso analistas recomendam não deixá-lo parado.
Investir é uma forma de não deixar o dinheiro preso
“Pode ser uma boa oportunidade [investir o FGTS], principalmente porque isso só poderá ser feito agora”, diz Will Landers, chefe de renda variável da BTG Pactual Asset Management, em Nova York.
Normalmente, o dinheiro do FGTS fica preso. Só pode ser sacado em caso de aposentadoria, demissão, compra do primeiro imóvel ou quando surgem doenças graves, como câncer.
Rendimentos
“Os fundos de privatização podem e devem ser uma alternativa para o trabalhador que procura melhorar o rendimento de seus recursos”, diz Inácio Fradique, da mesa de operações da Braúna Investimentos.
Ele faz uma comparação: em 2020, com a distribuição aos trabalhadores do lucro do FGTS, o rendimento foi de 4,52%. Em 2019, considerando o adicional da distribuição de lucros, o rendimento foi de 4,90%. Em 2018, chegou a 6,18%.
Só neste ano, as ações mais negociadas da Eletrobras — as ordinárias (ELET3) — renderam um acumulado de 33,08% na Bolsa de Valores de São Paulo (B3). Parece tentador, mas nos últimos 12 meses, a Eletrobras só rendeu 5,56%, um pouquinho só a mais que o FGTS, de acordo com os especialistas.
Afinal, é hora de investir o FGTS
Para quem é novato em ações, Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, recomenda não usar a metade do saldo do FGTS, mas sim uma parte menor.
“Talvez seja muito dinheiro para colocar numa ação só”, afirma.
“Para mim, é muita coisa apostar metade do fundo numa única ação e ficar dependendo do desempenho de uma empresa. Eu ponderaria na proporção.”
Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos
E se sua única poupança é o FGTS, o risco é maior ainda. É por isso que talvez seja melhor usar só uma pequena parte nas ações e deixar o resto no fundo, segundo os profissionais.
Quais os riscos?
No mercado de ações, um dia os ativos caem, no outro sobem. Isso pode deixar muita gente nervosa. As ações são investimentos de alto risco e não dá para saber se será possível contar com o retorno delas em uma emergência, como demissão ou doença.
Por isso, os analistas dizem que é melhor investir se você já tem um valor guardado para imprevistos (reserva de emergência) em outro tipo de investimento, como um fundo de renda fixa. “Assim a aplicação em ações fica para o longo prazo”, diz Landers, do BTG.
Outra dica é não ficar acompanhando o sobe e desce dos preços das ações diariamente. “Você olha o saldo do seu FGTS todo dia? Então, para que acompanhar esse vai e vem? É melhor deixar esse investimento crescendo por alguns anos”, afirma.
Quem não gostar da experiência depois de um ano poderá voltar com o dinheiro para o fundo.
Como vai funcionar?
“Acredito que em meados de junho haverá a definição de como será feito o processo para o trabalhador”, declara Arbetman.
Em 2002, diz Landers, a procura pelas ações da Vale (VALE3) foi muito alta. Na época, o governo liberou R$ 1 bilhão em ações, mas a procura foi de R$ 3 bilhões.
“Então, quem tem disponibilidade, deve se inscrever com 50% mesmo para garantir a maior quota possível”, afirma o analista do BTG.
É certeza que a ação vai render mais que o FGTS?
O mercado de ações é chamado de variável, por isso, não tem rendimento fixo ou certeza de ganhos.
“Acreditamos que a gestão da Eletrobras vai melhorar muito com a privatização”, diz Ilan Arbetman, da Ativa. E, se isso acontecer, o acionista sai ganhando.
“Só para se ter uma ideia, a Eletrobras não vence um leilão de transmissão de energia desde a metade da década passada”, declara. E mesmo assim, as ações da companhia estão no positivo desde então. A tendência, então, é melhorar, de acordo com o especialista.
*Este material é exclusivamente informativo, e não recomendação de investimento. Aplicações de risco estão sujeitas a perdas. Rentabilidade do passado não garante rentabilidade futura.
Fonte: UOL