Depois de enfrentar uma seca recorde em 2024, o setor elétrico brasileiro começa a vislumbrar uma recuperação com o retorno do período chuvoso. A expectativa é que o clima mais ameno em 2025 permita a manutenção da bandeira tarifária verde durante a maior parte do ano, aliviando os custos na conta de luz para os consumidores.
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Especialistas consultados apontam que o próximo ano deve apresentar menos picos de calor e mais chuvas no verão, reduzindo a pressão sobre o sistema elétrico. Essa combinação tende a garantir um cenário mais favorável para a geração de energia por hidrelétricas, sem a necessidade de acionar usinas termelétricas, que elevam os custos de geração e resultam em taxas adicionais.
Bandeiras tarifárias
De acordo com Mayra Guimarães, diretora de Regulação e Estudos de Mercado da consultoria Thymos Energia, a bandeira verde deve prevalecer durante todo o ano, com exceção dos meses de agosto e setembro, quando a bandeira amarela será aplicada devido ao período seco.
“A nossa expectativa é de bandeira verde o ano todo, com exceção de agosto e setembro, que vai para a amarela. Tirando esses dois meses, é um ano que, por enquanto, está mostrando bandeira verde em todos os períodos”, afirmou ao g1.
Reservatórios em recuperação
As chuvas previstas para a segunda quinzena de dezembro devem contribuir para a recuperação dos níveis de armazenamento do Sistema Interligado Nacional (SIN), conforme explica Alexandre Nascimento, sócio-diretor e meteorologista da consultoria Nottus. Segundo ele, os principais reservatórios funcionarão como “esponjas”, absorvendo as primeiras chuvas e permitindo uma reposição mais rápida nos períodos seguintes.
Nascimento também destacou a formação de um La Niña de baixa intensidade em 2025, o que deve trazer chuvas acima da média para o Norte e Nordeste, sem impactos significativos no Sul. Esse fenômeno, aliado a temperaturas mais amenas, deve reduzir o consumo de energia e minimizar perdas por evaporação nos reservatórios.
Impactos da seca de 2024
Em 2024, o Brasil enfrentou uma das piores secas de sua história, levando a Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANA) a decretar situação crítica de escassez hídrica em cinco bacias hidrográficas: Paraguai, Madeira, Purus, trecho baixo do Tapajós e Xingu. Os rios Madeira e Xingu, que abrigam grandes hidrelétricas como Belo Monte, Santo Antônio e Jirau, foram especialmente impactados.
Veronica Sánchez, diretora-presidente da ANA, destacou que os níveis dos rios estão se recuperando gradualmente. “A curva começou a se inverter e já está crescendo na velocidade esperada. Lembrando que esses rios estavam no ponto mais baixo devido à pior seca de todos os tempos na região Norte”, explicou.
Para evitar interrupções, a ANA flexibilizou as autorizações de vazão das usinas de Jirau e Belo Monte, permitindo que continuassem gerando energia durante o período crítico. Essas medidas contribuíram para a manutenção do suprimento elétrico em um momento de alta demanda.
Por Nicolas Uchoa