Três anos após um colapso inesperado no mercado financeiro, Liang Wenfeng, fundador do fundo quantitativo High-Flyer Asset Management, ressurge como a mente por trás da DeepSeek, uma startup de inteligência artificial que promete reconfigurar o cenário global da tecnologia. A ascensão meteórica da empresa chinesa já impactou os mercados ocidentais, provocando uma queda de quase US$ 1 trilhão no valor de gigantes como Nvidia.
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A DeepSeek, que nasceu da High-Flyer, desafia a noção de que apenas empresas dos Estados Unidos e da Europa podem liderar a corrida da inteligência artificial. Com recursos limitados e uma equipe composta majoritariamente por talentos locais, a companhia desenvolveu um modelo de IA de código aberto que rapidamente ganhou notoriedade.
Do fracasso ao renascimento
A trajetória de Liang é marcada por altos e baixos. Engenheiro de formação, ele fundou a High-Flyer em 2015 com colegas da Universidade de Zhejiang, e a empresa cresceu rapidamente, atingindo um pico de mais de US$ 12 bilhões em ativos sob gestão. No entanto, em 2021, o fundo sofreu perdas expressivas devido a falhas em seus modelos de inteligência artificial, levando a um declínio significativo nos investimentos e à necessidade de reformulação das estratégias.
Foi nesse contexto que Liang começou a estruturar a DeepSeek, utilizando a infraestrutura e os recursos computacionais da High-Flyer para desenvolver um novo modelo de IA. Antes das restrições dos EUA sobre exportação de semicondutores, o fundo havia adquirido 10 mil GPUs da Nvidia, o que forneceu à startup uma base sólida para seus experimentos.
Impacto global e incertezas no mercado
O lançamento do modelo avançado de raciocínio em IA da DeepSeek, o R1, em 20 de janeiro deste ano, coincidiu com a posse do presidente Donald Trump nos EUA. A tecnologia da empresa rapidamente atraiu atenção internacional e gerou um impacto imediato nos mercados financeiros. As ações da Nvidia, líder no fornecimento de chips para IA, despencaram, assim como as de outras empresas do setor nos Estados Unidos e na Europa.
A decisão de Liang de tornar o R1 um modelo de código aberto também chamou a atenção. Ao permitir que desenvolvedores e pesquisadores modifiquem e comercializem livremente sua tecnologia, a DeepSeek sinaliza uma abordagem colaborativa que contrasta com o modelo mais fechado de gigantes como OpenAI e Google.
Desafios e perspectivas
Apesar do sucesso inicial, a DeepSeek enfrenta desafios significativos. Especialistas questionam se sua infraestrutura será capaz de lidar com a crescente demanda global por sua tecnologia. Além disso, há dúvidas sobre como a empresa lidará com temas sensíveis dentro do contexto político chinês, como os protestos de 1989 na Praça Tiananmen e questões relacionadas ao governo de Xi Jinping.
Outro ponto de incerteza é a capacidade da DeepSeek de competir em termos de hardware. Analistas estimam que a empresa precisaria de pelo menos 50 mil chips Nvidia H100 para sustentar seus modelos em larga escala, enquanto concorrentes como a Meta operam com mais de 600 mil unidades desse processador.
Ainda assim, a ascensão da DeepSeek representa um sinal claro de que a inteligência artificial não será dominada apenas pelo Ocidente. A corrida pela supremacia tecnológica agora inclui um novo e poderoso competidor, capaz de redefinir as regras do jogo. Como afirmou Mike Capone, CEO da Qlik, “a disputa na IA não será vencida pelo modelo mais sofisticado, mas pela capacidade de integrar essa tecnologia em sistemas de negócios para gerar valor econômico real”.
Por Heloísa Mendelshon