O conselho de administração da Petrobras fez uma reunião de emergência nesta quinta-feira (16) para tentar resolver o impasse em torno do preço dos combustíveis. O encontro pegou os dirigentes da estatal de surpresa, não apenas por ser feriado, mas porque o tema não é da competência do conselho.
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A reunião serviu para reafirmar que o reajuste dos combustíveis é de responsabilidade da diretoria executiva, que pode anunciar nesta sexta-feira (17) um aumento nos preços dos combustíveis. O valor da alta não foi informado aos conselheiros.
A gasolina está há quase cem dias com o preço congelado nas refinarias da Petrobras, enquanto o diesel teve o preço elevado pela última vez há 36 dias. Dados da Associação Brasileira dos Importadores e Combustíveis (Abicom) mostram que a defasagem chega a 18% no diesel e de 14% na gasolina frente às cotações internacionais.
Com os preços defasados em relação ao exterior, a Petrobras tem sofrido pressão do governo para manter a gasolina e o diesel congelados até as eleições, enquanto o mercado espera que a empresa prossiga com a sua política de preço de paridade de importação (PPI).
Convocada às pressas pelo presidente do conselho, Márcio Weber, e realizada de modo virtual, a reunião demorou pelo menos uma hora para conseguir quórum necessário para começar. O encontro, segundo apurou o Estadão/Broadcast, foi pedido pelos ministros de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, e da Casa Civil, Ciro Nogueira.
Pressão do governo Bolsonaro contra aumento dos combustíveis
Nos últimos dias, o governo se reuniu duas vezes com a diretoria da Petrobras para tentar evitar o aumento do preço dos combustíveis. Segundo fontes, o governo teria pedido para a companhia segurar os preços até que as novas regras sobre ICMS surtam efeito para o consumidor. O reajuste poderia anular o benefício do corte do imposto aprovado pelo Congresso.
O presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, está sendo pressionado a renunciar ao cargo para apressar a troca pelo indicado de Bolsonaro, o secretário de Desburocratização do Ministério da Economia, Caio Paes de Andrade. Com a renúncia, Paes não teria de esperar a realização de uma assembleia de acionistas, mas Coelho já afirmou que não vai renunciar.
A decisão do reajuste dos combustíveis é tomada pelo presidente da empresa, pelo diretor de Comercialização (Claudio Mastella), e pelo diretor Financeiro e de Relações com os Investidores (Rodrigo Araújo). Segundo fontes, os dois também serão demitidos após Paes de Andrade tomar posse.
Na noite desta quinta (16), em transmissão ao vivo nas redes sociais, Bolsonaro disse esperar que a Petrobras não aumente os preços dos combustíveis. “Eu só posso entender que um reajuste da Petrobras agora seria um interesse político para atingir o governo federal”, afirmou o chefe do Executivo.
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), anunciou que vai convocar para a próxima segunda-feira (20) uma reunião de líderes para discutir a política de preços da Petrobras. No Twitter, o deputado elevou o tom contra a estatal, chamou a empresa de “país independente” e disse que a Petrobras declarou guerra ao povo brasileiro.
Teto do ICMS para baratear os combustíveis
De acordo com as estimativas feitas pelo pelo relator no Senado da proposta do governo, já aprovada e à espera de sanção, que impõe um teto para o ICMS, a limitação nas alíquotas do ICMS tem potencial para reduzir o preço do litro da gasolina em R$ 1,65; o diesel ficaria R$ 0,76 mais barato.
Em Pernambuco, o valor médio da gasolina é R$ 7,39 o litro, de acordo com estimativas da Petrobras. Considerando a retirada do ICMS que o Estado cobra, o preço médio do combustível seria de R$ 5,58. Se retirados os tributos federais, que custam R$ 0,69, a gasolina ficaria R$ 4,89. Isso, de acordo com as estimativas do Senado.
Fonte: Estadão Conteúdo