Os investimentos estrangeiros diretos na economia brasileira somaram US$ 34,167 bilhões em 2020, queda de 50,6% frente a 2019, informou o Banco Central nesta quarta-feira (27).
Foi o menor ingresso de investimentos diretos na economia brasileira desde 2009 (US$ 31,480 bilhões), ou seja, em 11 anos, e ocorreu em meio ao tombo do Produto Interno Bruto (PIB) e à tensão nos mercados, causada pela pandemia do novo coronavírus.
Em 2019, o investimento estrangeiro no Brasil somou US$ 69,174 bilhões.
Apesar da queda, os investimentos estrangeiros foram suficientes para cobrir o rombo das contas externas no ano passado.
O chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, afirmou que a queda nos investimentos diretos se deveu à pandemia da Covid-19, que gerou recessão na economia brasileira.
“São recursos para novos investimentos que podem ter sido adiados, ou repensados durante a pandemia”, explicou Rocha.
Os números da instituição mostram que houve uma queda de US$ 37 bilhões nas chamadas “participações no capital”, que são os investimentos que as empresas não-residentes fazem nas residentes no país, aumentando seu capital, seja por um novo fluxo de recursos, seja pelo reinvestimento dos lucros auferidos no país. Elas são um dos componentes do investimento direto.
Segundo ele, novos investimentos no país também foram afetados.
Em dezembro do ano passado, o BC estimou que os investimentos diretos de estrangeiros no pais avançarão para US$ 60 bilhões em 2021 devido à “redução de incertezas relacionadas à pandemia – e, consequentemente, a um ambiente externo mais favorável para economias emergentes – e ao crescimento doméstico, que deve melhorar a lucratividade das empresas estrangeiras no Brasil.
Fernando Rocha, do BC, disse que a previsão está relacionada com a recuperação da economia brasileira. O Banco Central, e analistas do setor privado, estimam que o Produto Interno Bruto (PIB) terá uma expansão superior a 3% em 2021.
“A economia terá continuidade em sua recuperação. No IDP [investimento direto no país], a gente não viu essa recuperação ao longo do segundo semestre, que aconteceu na indústria e em outros indicadores. Mas, ao longo de 2021, a previsão é que retorne com fluxos mais significativos compondo esse conjunto da atividade”, declarou.
Contas externas
As contas externas registraram um déficit de US$ 12,517 bilhões em todo ano de 2020, de acordo com números divulgados pelo Banco Central nesta quarta-feira (27).
Isso representa uma queda de 75,3% na comparação com o ano de 2019, quando o resultado negativo somou US$ 50,697 bilhões.
Esse também foi o melhor resultado para um ano fechado desde 2007, quando foi registrado um superávit de US$ 408 milhões. Ou seja, foi o melhor saldo em 13 anos.
O resultado de transações correntes, um dos principais do setor externo do país, é formado pela balança comercial (comércio de produtos entre o Brasil e outros países), pelos serviços (adquiridos por brasileiros no exterior) e pelas rendas (remessas de juros, lucros e dividendos do Brasil para o exterior).
Em dezembro do ano passado, o BC estimou um aumento no rombo das contas externas para US$ 19 bilhões em 2021 devido ao “cenário de continuidade da retomada da atividade doméstica” e do “crescimento da demanda global e atenuação da intensidade das intervenções não farmacêuticas para contenção da Covid-19”.
Economia fraca e dólar alto
A queda no déficit das contas externas em 2020 está relacionada principalmente com a forte diminuição do nível de atividade, resultado da pandemia do novo coronavírus, e com a alta do dólar – que avançou cerca de 30% em 2020.
Esses fatores geraram melhora na balança comercial brasileira, um dos componentes das contas externas, devido a uma queda acentuada nas importações.
Além disso, também foi registrado um déficit menor nas contas de serviços e de renda, em razão do desaquecimento da economia mundial e do fechamento de fronteiras – este último fator contribuiu para o menor gasto de brasileiros no exterior em 15 anos em 2020.
Fonte: G1