Na contramão de muitas culturas afetadas durante a pandemia do coronavírus que o mundo todo enfrenta, a produção de mel no Ceará segue o sentido inverso, com um aumento de cerca de 20% na safra deste ano quando comparada a de 2019. Enquanto no ano passado os apicultores cearenses colheram cerca de 2.700 toneladas, este ano a colheita deve chegar a 3.500 toneladas. As exportações seguiram a mesma tendência e cresceram 35% de janeiro a setembro de 2020, comparado ao mesmo período do 2019.
O secretário executivo do Agronegócio da Sedet, Sílvio Carlos Ribeiro, afirma que o mel e as frutas foram os destaques das exportações do agronegócio cearense. “O crescimento das vendas do mel produzido aqui para o exterior foi uma boa surpresa, que pode ser explicada pela busca da população por uma alimentação mais saudável”, declarou o secretário.
O setor produtivo também comemora o aumento na demanda de mel, o que favoreceu o aumento do preço do quilo do produto, passando de R$ 4,50 em maio de 2019 para os atuais R$ 8,00. “O valor de venda do quilo do mel pode chegar até R$ 9,00 devido a alta procura nesse período onde as pessoas buscam alternativas naturais que fortalecem o sistema imunológico”, comemora o presidente da Federação da Apicultura do Ceará (Face), Irineu Fonseca. “As chuvas registradas no primeiro semestre deste ano foram bem melhores que nos últimos seis anos quando a produção foi duramente afetada pela estiagem”, explica o presidente.
A Federação da Apicultura do Ceará afirma que obter os números precisos de apicultores e da produção é uma das dificuldades do setor. Mesmo com os números imprecisos, a Face trabalha com 265 associações de apicultores distribuídos entre 165 municípios cearenses. Já a Câmara Temática do Mel (CT Mel), ligada à Agência de Desenvolvimento do Ceará (Adece), estima que o Ceará tenha cerca de 7 mil apicultores distribuídos em todas as regiões do Ceará. “Destes apicultores, a grande maioria é composta por pequenos agricultores familiares”, ressalta o presidente da CT Mel, Augusto Júnior.
As principais regiões produtoras do mel são Cariri, Baixo Jaguaribe, Sertões do Inhamuns e Crateús, e Sertão Central. Quando detalhamos a produção por municípios, destaque para Parambu, Cariús, Pedra Branca, Tabuleiro do Norte e Jaguaribe.
Já está em andamento um projeto que será apresentado a Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedet) para regularização do setor. “O objetivo é sentar com a equipe do Agronegócio da Sedet para apresentar esse projeto que detalhará todo o setor”, explica o presidente da Câmara Temática.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2019 o mel foi 10º produto exportado do agronegócio cearense. “O Ceará tem exportado, entre US$ 4mi a 7 milhões nos últimos 5 anos. A produção sofreu com os recentes anos de seca no Ceará, reduzindo a produção e as exportações”, pondera o engenheiro agrônomos da Sedet, Sérgio Baima. Porém, segundo ele, a expectativa do setor é que o produto volte a alcançar uma posição de destaque entre os produtos exportados.
“Em 2020 tivemos um aporte dos reservatórios monitorados pela Cogerh de 5,2 bilhões de m3, número bem maior do que os 2,84 bilhões de 2019. Isso demonstra que o setor agropecuário terá bons resultados esse ano, pois historicamente o retorno do setor está diretamente relacionado ao aporte dos reservatórios que impacta na agricultura irrigada e na água para o meio rural. Desta forma estamos com boas perspectivas para finalizar este ano com crescimento”, afirmou Silvio Carlos, secretário executivo do Agronegócio.